LICITAÇÃO DO MEC
Dez agências entregaram proposta para a licitação do Mec. Foram elas: Big Grandes Idéias, Link/Bagg, DCS, RC, Casablanca, Lew’Lara, Z+, Click, Adag e Morya. As duas últimas foram desclassificadas. Prenuncia-se um embate entre Adão Casares e Ângela Chaves. O MEC pretende anunciar o resultado até o final de janeiro.
LICITAÇÃO DO GDF
Saiu o resultado da licitação para a conta de publicidade do GDF. As vencedoras foram: AV Comunicação, Agnelo Pacheco e Dupla Comunicação, de BH. Com este resultado, o GDF atende os seus compromissos, atende também um poderoso veículo da cidade e começa a cuidar da imagem do governador. Além disso também dá razão a diversos profissionais que duvidaram das promessas feitas pelos então candidatos, no café da manhã organizado pelo Sindicato das Agências do DF no ano passado.
HABILITAÇÃO DA SECOM
A Secretaria de Comunicação Social da Presidência da República (Secom) recebeu, na segunda-feira 24/12, propostas de 36 agências de publicidade, dentre as quais 30 foram habilitadas na documentação, e participarão das etapas técnica e de preço. As agências disputarão três contratos que dividirão verba anual de R$ 150 milhões. A etapa técnica de análise das propostas se estenderá até fevereiro de 2008. Na fase de avaliação da proposta técnica, o item plano de comunicação publicitária não terá identificação do nome das agências participantes.
TCU NAS LICITAÇÕES
Por determinação do Tribunal de Contas da União (TCU), as agências vencedoras da concorrência pública da Secom ficarão proibidas de fazer para a Presidência da República alguns serviços. Entre eles está o assessoramento e apoio na execução de ações de assessoria de imprensa, relações públicas, promoção, patrocínios, organização de eventos, planejamento e montagem de eventos em feiras e exposições.
CAIXA ECONÔMICA
A Comissão Especial de Licitação da Caixa realizará, no dia 27 de dezembro, audiência pública para avaliar a minuta do edital da sua próxima licitação para agências de publicidade. Três semanas depois da consulta, será publicado o edital para contratação de três agências que dividirão verba anual de R$ 260 milhões. A audiência será realizada no Teatro da Caixa, às 9h30. Informações no telefone (61) 3206 9029.
LICITAÇÃO DA PETROBRÁS
As 17 agências habilitadas na concorrência pelos R$ 250 milhões anuais da verba de publicidade da Petrobras receberam na semana passada as notas de suas propostas técnicas, o que compõe 70% da pontuação para definir as três vencedoras da licitação. Nenhum dos representantes das agências identificou as respectivas notas aos demais presentes, mas estima-se que as quatro primeiras colocadas seriam a Heads, de Curitiba (lacre 033), a Quê Comunicação (lacre 036), a F/Nazca S&S (lacre 004) e a Lew Lara, com 57,4 pontos. A Euro RSCG Brasil (lacre 001) foi a única desclassificada nesta fase, por ter se identificado na proposta técnica, algo explicitamente proibido no edital.
quarta-feira, dezembro 26, 2007
quinta-feira, dezembro 20, 2007
terça-feira, dezembro 18, 2007
sexta-feira, dezembro 14, 2007
Não alimente o rato!!!
O fotógrafo da Agência Estado Elton Melo clicou um placa da Prefeitura de Osasco, na Grande São Paulo, que proíbe jogar lixo em local vago, alertando a população para o aparecimento de ratos.
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Campanha de Utilidade Pública
quinta-feira, dezembro 13, 2007
O Sindicato e Correios
Texto de Fernando Brettas - Presidente do Sindicato das Agências de Propagando do Distrito Federal – SINAPRO/DF
O Sindicato das Agências de Propaganda do Distrito Federal foi constituído com a finalidade de coordenar e proteger a atividade econômica das agências de propaganda bem como com o objetivo de colaborar com as demais entidades e com o Poder Público, no sentido de desenvolver e manter a solidariedade social.
Tem como prerrogativas proteger os direitos e interesses individuais ou coletivos da categoria nele compreendida, perante as autoridades administrativas e judiciárias e servir, junto ao Estado, como órgão técnico e consultivo, no estudo e na solução dos problemas que se relacionam com a atividade exercida pelas agências de propaganda; e também interceder junto às autoridades competentes, objetivando rápido andamento e solução para tudo quanto diga respeito aos interesses da categoria.
Neste sentido, o Sindicato vem se pronunciar sobre uma das mais importantes licitações do Governo Federal, a da Empresa Brasileira de Correios e Telégrafos – ECT.
A ausência por mais de um ano do mercado deste importante anunciante, vem trazendo sérias conseqüências. Terceiro maior investidor das empresas públicas, com seus 90 milhões anuais, a volta dos Correios como anunciante é importante para a saúde econômica de todo o mercado, seja ele das agências, veículos, produtoras, gráficas e fornecedores em geral.
Sendo assim, torna-se imperativo que se encontre uma solução rápida para a concorrência, que por hora se encontra paralisada por questões jurídicas.
Em primeiro lugar, é preciso enaltecer a ECT por adotar medidas claras e objetivas que buscaram dar lisura ao processo, como a adoção das propostas apócrifas e outras sugestões sugeridas pelo Tribunal de Contas da União e prontamente acatadas pela ECT.
Porém, após a divulgação do primeiro resultado técnico, uma onda de contra-razões tomou conta do processo. As agências passaram, num processo autofágico, a levantar possíveis erros materiais que deveriam desclassificar esta ou aquela agência.
Num processo grande como o de uma proposta técnica desenvolvida para um cliente com o porte dos Correios, pequenos erros materiais não devem ser considerados.
Se os prováveis erros cometidos pelas agências não interferiram na avaliação da comissão técnica, que as pontuara como melhores, é óbvio que estes prováveis erros materiais não atrapalharam a compreensão da proposta e nem inviabilizariam a sua execução.
E mais, como é amplamente conhecido nos termos editalícios e procedimentos licitatórios, os meros erros formais devem ser desconsiderados, evitando assim excesso de formalismo e possibilitando a multiplicidade de propostas, possibilitando ao órgão licitante obter maiores benefícios com o maior número de propostas.
Sendo assim, é imperativo que esta licitação seja rapidamente encerrada, com a finalização do processo e a posterior contratação de 3 agências, independente de quem for, possibilitando aos Correios voltar a ser o importante anunciante que é, tão aguardado por todo o mercado.
Como dito anteriormente, filigranas não podem e não devem atrapalhar o conjunto de uma proposta técnica. É importante que isto fique claro, pois corremos o risco dos Correios ficarem sem agência por mais um grande período, pois dificilmente as propostas técnicas sobreviverão a tamanho rigorismo.
E, institucionalmente e mercadologicamente, os Correios estão perdendo espaço, perdendo negócios, perdendo brand, perdendo tempo e dinheiro para a concorrência.
O nosso mercado, bem como a ECT, não merecem que em 2008 esta novela se prolongue.
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Matérias sobre contratos e licitações
quarta-feira, dezembro 12, 2007
Democracia e Sistema Público de Comunicação
Texto de Eugênio Bucci, publicado originalmente no O Estado de São Paulo em 10/12/2007
Para o jornalista Eugenio Bucci, ex-presidente da Radiobrás, entre 2003 e 2007, e atual professor visitante do Instituto de Estudos Avançados da USP, quase todos os meios públicos de comunicação no Brasil ainda são verdadeiros feudos de governantes, que os utilizam para a promoção pessoal e de seus grupos políticos. Isso só pode mudar com mais debates e maior esclarecimento da população sobre o assunto. Na entrevista a seguir, Bucci fala dos projetos de criação de uma nova TV estatal, condena os gastos com propaganda governamental, que não teriam nenhuma utilidade além da promoção dos donos do poder, e faz uma recomendação: 'O governo deve ficar longe da mediação de debates públicos.'
Como o sr. vê a montagem de uma nova rede de radiodifusão pública, a TV Brasil? Ela é necessária?
Vou responder em dois níveis. Um conceitual e outro mais prático. Conceitualmente, uma democracia precisa de uma forma de radiodifusão que não seja comercial. O espaço público, se dominado por formas de comunicação apenas comerciais, corre o risco de não ter como dar vazão a temas que não são economicamente interessantes, a conteúdos economicamente inviáveis. Um exemplo: se a TV Cultura, de São Paulo, ficar presa apenas àquilo que é lucrativo, jamais vai ter programas com orquestras sinfônicas. Esse gênero de música não tem muito apoio. Enfim, é necessária uma complementaridade entre o público e o comercial.
E a questão de ordem prática?
Não vejo sentido em perseguir um sonho de TV pública. É preciso que se trabalhe pela construção de um sistema de comunicação que conjugue rádio, TV e, sobretudo, internet. O sonho da TV pública é um sonho de 50 anos atrás, quando a Europa sai da Segunda Guerra debatendo de que forma o espaço público poderia ser protegido da colonização promovida pelo mercado e pelo capital. Um dos principais focos do debate em torno da nova emissora pública é o temor do controle e da manipulação do conteúdo. Quando alguém fala no risco de manipulação ou de uso político da comunicação pública no Brasil, eu digo que isso não é um risco, mas a regra. Sempre aconteceu. Tradicionalmente, as instituições públicas de radiodifusão são uma espécie de reserva ecológica do patrimonialismo. Um patrimonialismo simbólico, porque os governantes não se apropriam das coisas que estão lá, mas fazem com que elas trabalhem pela sua promoção pessoal. Quando comecei a tomar contato com esses lugares, percebi a existência de uma enorme quantidade de gente contratada sem concurso, por causa de afinidades políticas, não por competência.
Esse comportamento é generalizado nas televisões mantidas pelos Estados?
Quase todos os Estados da Federação têm hoje a sua rede institucional de comunicação, com rádio e televisão. E em quase todos é comum o uso político-partidário do conteúdo do que veiculam a favor do governo. É a tradição. Portanto, se existe um risco hoje no Brasil, é o de mudar esse quadro. Essas instituições precisam de transparência, de profissionalismo, de rigor administrativo - mais do que de recursos. O seu conteúdo deve ser comprometido com o direito de informação do cidadão, não servir de caixa de ressonância ou de linha auxiliar de promoção pessoal dos governantes.
A Cultura de São Paulo se encaixa nesse padrão?
Sempre existem exceções. A TV Cultura é responsável pelas melhores produções da TV pública no Brasil.
Por quê?
Porque teve momentos de autonomia de gestão, de independência. A TV Cultura tem um conselho com garantias formais de autonomia. Embora seja vulnerável a pressões do governo, esse conselho, pelas suas regras de funcionamento, pela maneira como é organizado, consegue ser independente. A Cultura é talvez o melhor exemplo que nós temos hoje de comunicação pública no Brasil.
Do que viu até agora, acha que a criação da nova rede está sendo conduzida de forma correta?
É evidente que existe a ameaça de manipulação. Mas se ela tiver - como está prometido - um conselho realmente independente, sem uma pauta governamental, é possível que no futuro o País ganhe com isso. Essa possibilidade não está fechada. Vamos esperar.
Como vê a introdução de anúncios publicitários na programação da Cultura?
Acho um erro, uma concessão estética e prática à lógica da comunicação comercial. A TV pública não deveria veicular anúncios de mercadorias e de serviços como qualquer outra TV comercial. Poderia veicular apoios institucionais, uma fórmula consagrada em vários lugares do mundo.
Ainda a TV Brasil: a idéia de sua criação ganhou corpo com as acusações, feitas pelo PT, de que a mídia distorceu fatos - especialmente na cobertura do mensalão e do dossiê Vedoin - para prejudicar o governo. Em mais de uma ocasião, falou-se na necessidade de uma contracorrente na área de informações. Como vê isso?
Essa é a pior razão do mundo para se construir uma mídia pública. Ela é necessária não porque a comunicação comercial seja de má ou de boa qualidade, mas por ser de outra natureza.
Acha que a mídia errou na cobertura dos episódios citados?
Existiram momentos de infelicidade na cobertura, mas o pior erro não aconteceu.
Qual seria?
Não ter feito a cobertura. Podem ter acontecido distorções, preconceitos, julgamentos, mas foi no interior de um movimento correto na sua essência, que é informar o público. A imprensa cumpriu seu dever de apurar, informar e levantar o debate, permitindo que as partes se manifestassem. Nos debates internos, nos setores de comunicação pública, mais de uma vez eu disse: vamos tomar mais cuidado nas restrições à imprensa, porque, se dependesse de nós, da Radiobrás e das outras emissoras públicas, o País não teria ficado sabendo do que aconteceu. As nossas ferramentas de cobertura na época chegaram atrasadas a esse evento. Depois nós fizemos uma elogiada cobertura, com mais de 3.500 matérias veiculadas pela Agência Brasil sobre o mensalão, mas é importantíssimo registrar que não foi a cobertura da Radiobrás que levantou o tema. Foi a imprensa comercial.
O governo precisa de meios para defender suas causas?
O governo deve ficar longe da função de mediar o debate público. Uma das garantias do funcionamento democrático reside justamente nesse ponto: governo governa, mas não faz a mediação do debate público. Ele não deve ter uma emissora que ponha em pauta aquilo que lhe interesse. O senhor tem se dedicado a estudar a internet.
Acha que ela deve substituir os atuais meios de comunicação, como os jornais?
A internet deveria ser comparada mais àrede elétrica do que a um meio de comunicação propriamente dito. Ela transforma informação em energia elétrica, abastecendo todos os pontos. Não é um meio de comunicação, mas um ambiente para vários meios - a mídia escrita, a publicidade, games. Você tem ali todo tipo de interconexão,de aproximação entre pólos diferentes, por meios diferentes. É um ambiente, e nesse sentido não disputa com outros meios de comunicação.
Como vê a questão da confiabilidade das informações numa rede que aceita e redistribui tudo?
Essa é questão mais fascinante. O cidadão começa a se perguntar cada vez mais, e com razão, em quem confiar? Estão surgindo respostas novas. De um lado ele tende a buscar selos de responsabilidade tradicionais - e aí os jornais saem na frente, assegurando posições, com a garantia de que a informação foi apurada e trabalhada, sem a contaminação de interesses comerciais, governamentais ou de grupos de influências. Por outro lado, existem soluções inovadoras. Um exemplo é a Wikipedia, enciclopédia elaborada anonimamente e cada vez mais mencionada como uma fonte confiável de informação. A internet traz essas possibilidades que antes não estavam postas. De qualquer maneira, o problema da credibilidade é nevrálgico.
Na Radiobrás, o senhor foi pressionado por petistas a dar uma cor mais partidária à cobertura dos fatos, numa situação que levaria à partidarização de um órgão público. Acha que o PT confunde partido com governo e Estado?
Essa confusão é outra tradição perversa da política brasileira. Está longe de ter sido inventada pelo PT. Em outras épocas, ela foi mais grave, porque envolvia partido, governo, Estado e famílias, com oligarquias que prevaleciam dentro e fora do governo, agindo como poder público, dominando meios de comunicação supostamente privados, numa promiscuidade tenebrosa. A vacina contra isso é o esclarecimento da opinião pública - por mais iluminista que pareça a formulação.
Como vê os gastos governamentais com propaganda?
Isso é no mínimo muito discutível. Em primeiro lugar porque raramente algumas dessas peças de publicidade governamental são realmente de utilidade pública. Quase sempre a utilidade pública é um pretexto, para que fique um rescaldo de imagem positiva do governo. Não se fala o nome do governante, mas se inventa um logotipo comercial, uma marca para aquela administração - sempre com a intenção de que reverta em capital eleitoral. No interior, em cidades de pequeno e médio porte, a situação é mais grave. Ali se encontra uma seqüência enorme de emissoras de rádio e pequenos jornais que não sobrevivem sem as verbas públicas dos municípios e dos Estados. Nos grandes centros, os grandes jornais atendem aos requisitos formais da independência editorial. Se o governo corta o anúncio dessas empresas, elas não vão à falência. Mas no interior o risco é grande - e, por isso, o dinheiro público jogado em veículos comerciais se converte num instrumento de pressão e de cooptação.
Por que não continuou à frente à Radiobrás?
Entrei para ficar só um governo, porque nunca tive intenção de ser administrador público de carreira e porque o rodízio é bom. Na função pública, é importante a consciência de que a gente não refunda nada, não cria, não inaugura. A gente absorve a experiência de quem veio antes, dá seqüência aos bons projetos e deixa uma perspectiva ao que vem depois. Essa ilusão de que você é fundamental só atesta que não confia na dinâmica natural das renovações da democracia.
Estende isso a todos os cargos públicos?
Todos. Inclusive à Presidência. Nada mais indigno que um presidente da República que julgue ser melhor para a sociedade a permanência dele no cargo indefinidamente. No fundo, está dizendo que a sociedade não é capaz de produzir soluções melhores do que ele.
Para o jornalista Eugenio Bucci, ex-presidente da Radiobrás, entre 2003 e 2007, e atual professor visitante do Instituto de Estudos Avançados da USP, quase todos os meios públicos de comunicação no Brasil ainda são verdadeiros feudos de governantes, que os utilizam para a promoção pessoal e de seus grupos políticos. Isso só pode mudar com mais debates e maior esclarecimento da população sobre o assunto. Na entrevista a seguir, Bucci fala dos projetos de criação de uma nova TV estatal, condena os gastos com propaganda governamental, que não teriam nenhuma utilidade além da promoção dos donos do poder, e faz uma recomendação: 'O governo deve ficar longe da mediação de debates públicos.'
Como o sr. vê a montagem de uma nova rede de radiodifusão pública, a TV Brasil? Ela é necessária?
Vou responder em dois níveis. Um conceitual e outro mais prático. Conceitualmente, uma democracia precisa de uma forma de radiodifusão que não seja comercial. O espaço público, se dominado por formas de comunicação apenas comerciais, corre o risco de não ter como dar vazão a temas que não são economicamente interessantes, a conteúdos economicamente inviáveis. Um exemplo: se a TV Cultura, de São Paulo, ficar presa apenas àquilo que é lucrativo, jamais vai ter programas com orquestras sinfônicas. Esse gênero de música não tem muito apoio. Enfim, é necessária uma complementaridade entre o público e o comercial.
E a questão de ordem prática?
Não vejo sentido em perseguir um sonho de TV pública. É preciso que se trabalhe pela construção de um sistema de comunicação que conjugue rádio, TV e, sobretudo, internet. O sonho da TV pública é um sonho de 50 anos atrás, quando a Europa sai da Segunda Guerra debatendo de que forma o espaço público poderia ser protegido da colonização promovida pelo mercado e pelo capital. Um dos principais focos do debate em torno da nova emissora pública é o temor do controle e da manipulação do conteúdo. Quando alguém fala no risco de manipulação ou de uso político da comunicação pública no Brasil, eu digo que isso não é um risco, mas a regra. Sempre aconteceu. Tradicionalmente, as instituições públicas de radiodifusão são uma espécie de reserva ecológica do patrimonialismo. Um patrimonialismo simbólico, porque os governantes não se apropriam das coisas que estão lá, mas fazem com que elas trabalhem pela sua promoção pessoal. Quando comecei a tomar contato com esses lugares, percebi a existência de uma enorme quantidade de gente contratada sem concurso, por causa de afinidades políticas, não por competência.
Esse comportamento é generalizado nas televisões mantidas pelos Estados?
Quase todos os Estados da Federação têm hoje a sua rede institucional de comunicação, com rádio e televisão. E em quase todos é comum o uso político-partidário do conteúdo do que veiculam a favor do governo. É a tradição. Portanto, se existe um risco hoje no Brasil, é o de mudar esse quadro. Essas instituições precisam de transparência, de profissionalismo, de rigor administrativo - mais do que de recursos. O seu conteúdo deve ser comprometido com o direito de informação do cidadão, não servir de caixa de ressonância ou de linha auxiliar de promoção pessoal dos governantes.
A Cultura de São Paulo se encaixa nesse padrão?
Sempre existem exceções. A TV Cultura é responsável pelas melhores produções da TV pública no Brasil.
Por quê?
Porque teve momentos de autonomia de gestão, de independência. A TV Cultura tem um conselho com garantias formais de autonomia. Embora seja vulnerável a pressões do governo, esse conselho, pelas suas regras de funcionamento, pela maneira como é organizado, consegue ser independente. A Cultura é talvez o melhor exemplo que nós temos hoje de comunicação pública no Brasil.
Do que viu até agora, acha que a criação da nova rede está sendo conduzida de forma correta?
É evidente que existe a ameaça de manipulação. Mas se ela tiver - como está prometido - um conselho realmente independente, sem uma pauta governamental, é possível que no futuro o País ganhe com isso. Essa possibilidade não está fechada. Vamos esperar.
Como vê a introdução de anúncios publicitários na programação da Cultura?
Acho um erro, uma concessão estética e prática à lógica da comunicação comercial. A TV pública não deveria veicular anúncios de mercadorias e de serviços como qualquer outra TV comercial. Poderia veicular apoios institucionais, uma fórmula consagrada em vários lugares do mundo.
Ainda a TV Brasil: a idéia de sua criação ganhou corpo com as acusações, feitas pelo PT, de que a mídia distorceu fatos - especialmente na cobertura do mensalão e do dossiê Vedoin - para prejudicar o governo. Em mais de uma ocasião, falou-se na necessidade de uma contracorrente na área de informações. Como vê isso?
Essa é a pior razão do mundo para se construir uma mídia pública. Ela é necessária não porque a comunicação comercial seja de má ou de boa qualidade, mas por ser de outra natureza.
Acha que a mídia errou na cobertura dos episódios citados?
Existiram momentos de infelicidade na cobertura, mas o pior erro não aconteceu.
Qual seria?
Não ter feito a cobertura. Podem ter acontecido distorções, preconceitos, julgamentos, mas foi no interior de um movimento correto na sua essência, que é informar o público. A imprensa cumpriu seu dever de apurar, informar e levantar o debate, permitindo que as partes se manifestassem. Nos debates internos, nos setores de comunicação pública, mais de uma vez eu disse: vamos tomar mais cuidado nas restrições à imprensa, porque, se dependesse de nós, da Radiobrás e das outras emissoras públicas, o País não teria ficado sabendo do que aconteceu. As nossas ferramentas de cobertura na época chegaram atrasadas a esse evento. Depois nós fizemos uma elogiada cobertura, com mais de 3.500 matérias veiculadas pela Agência Brasil sobre o mensalão, mas é importantíssimo registrar que não foi a cobertura da Radiobrás que levantou o tema. Foi a imprensa comercial.
O governo precisa de meios para defender suas causas?
O governo deve ficar longe da função de mediar o debate público. Uma das garantias do funcionamento democrático reside justamente nesse ponto: governo governa, mas não faz a mediação do debate público. Ele não deve ter uma emissora que ponha em pauta aquilo que lhe interesse. O senhor tem se dedicado a estudar a internet.
Acha que ela deve substituir os atuais meios de comunicação, como os jornais?
A internet deveria ser comparada mais àrede elétrica do que a um meio de comunicação propriamente dito. Ela transforma informação em energia elétrica, abastecendo todos os pontos. Não é um meio de comunicação, mas um ambiente para vários meios - a mídia escrita, a publicidade, games. Você tem ali todo tipo de interconexão,de aproximação entre pólos diferentes, por meios diferentes. É um ambiente, e nesse sentido não disputa com outros meios de comunicação.
Como vê a questão da confiabilidade das informações numa rede que aceita e redistribui tudo?
Essa é questão mais fascinante. O cidadão começa a se perguntar cada vez mais, e com razão, em quem confiar? Estão surgindo respostas novas. De um lado ele tende a buscar selos de responsabilidade tradicionais - e aí os jornais saem na frente, assegurando posições, com a garantia de que a informação foi apurada e trabalhada, sem a contaminação de interesses comerciais, governamentais ou de grupos de influências. Por outro lado, existem soluções inovadoras. Um exemplo é a Wikipedia, enciclopédia elaborada anonimamente e cada vez mais mencionada como uma fonte confiável de informação. A internet traz essas possibilidades que antes não estavam postas. De qualquer maneira, o problema da credibilidade é nevrálgico.
Na Radiobrás, o senhor foi pressionado por petistas a dar uma cor mais partidária à cobertura dos fatos, numa situação que levaria à partidarização de um órgão público. Acha que o PT confunde partido com governo e Estado?
Essa confusão é outra tradição perversa da política brasileira. Está longe de ter sido inventada pelo PT. Em outras épocas, ela foi mais grave, porque envolvia partido, governo, Estado e famílias, com oligarquias que prevaleciam dentro e fora do governo, agindo como poder público, dominando meios de comunicação supostamente privados, numa promiscuidade tenebrosa. A vacina contra isso é o esclarecimento da opinião pública - por mais iluminista que pareça a formulação.
Como vê os gastos governamentais com propaganda?
Isso é no mínimo muito discutível. Em primeiro lugar porque raramente algumas dessas peças de publicidade governamental são realmente de utilidade pública. Quase sempre a utilidade pública é um pretexto, para que fique um rescaldo de imagem positiva do governo. Não se fala o nome do governante, mas se inventa um logotipo comercial, uma marca para aquela administração - sempre com a intenção de que reverta em capital eleitoral. No interior, em cidades de pequeno e médio porte, a situação é mais grave. Ali se encontra uma seqüência enorme de emissoras de rádio e pequenos jornais que não sobrevivem sem as verbas públicas dos municípios e dos Estados. Nos grandes centros, os grandes jornais atendem aos requisitos formais da independência editorial. Se o governo corta o anúncio dessas empresas, elas não vão à falência. Mas no interior o risco é grande - e, por isso, o dinheiro público jogado em veículos comerciais se converte num instrumento de pressão e de cooptação.
Por que não continuou à frente à Radiobrás?
Entrei para ficar só um governo, porque nunca tive intenção de ser administrador público de carreira e porque o rodízio é bom. Na função pública, é importante a consciência de que a gente não refunda nada, não cria, não inaugura. A gente absorve a experiência de quem veio antes, dá seqüência aos bons projetos e deixa uma perspectiva ao que vem depois. Essa ilusão de que você é fundamental só atesta que não confia na dinâmica natural das renovações da democracia.
Estende isso a todos os cargos públicos?
Todos. Inclusive à Presidência. Nada mais indigno que um presidente da República que julgue ser melhor para a sociedade a permanência dele no cargo indefinidamente. No fundo, está dizendo que a sociedade não é capaz de produzir soluções melhores do que ele.
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Entrevistas
terça-feira, dezembro 04, 2007
segunda-feira, dezembro 03, 2007
Governo Lula reduz verba publicitária em 2007
Matéria de Alexandre Zaghi Lemos, publicada no site Meio e Mensagem - www.meioemensagem.com.br
Pela primeira vez, desde o início do primeiro mandato do presidente Lula, o governo federal deve fechar o ano com um investimento em mídia menor que o do exercício anterior. Estimativa da Secretaria de Comunicação Social (Secom) prevê que a publicidade estatal irá contabilizar pouco mais de R$ 800 milhões em compra de espaços publicitários em 2007, o que representaria queda de 25% em relação ao efetivado em 2006. Esse total não inclui publicidade legal, verbas de produção e patrocínios - o que pode fazer com que o investimento total em comunicação ultrapasse a casa do R$ 1,6 bilhão.
No que diz respeito à compra de mídia, que permite um comparativo histórico a partir dos dados do Instituto para Acompanhamento da Publicidade (IAP), a última queda ocorreu justamente na comparação do primeiro ano de mandato de Lula com o último de Fernando Henrique Cardoso (queda de 12% dos R$ 761 milhões de 2002 para os R$ 668 milhões de 2003). Desde então, iniciou-se uma trajetória ascendente: R$ 956 milões, em 2004; R$ 966 milhões em 2005; culminando com o recorde do ano passado, quando o investimento em mídia do governo federal ultrapassou a barreira do R$ 1 bilhão.
Segundo o subsecretário de comunicação integrada da Secom, José Otaviano Pereira, a queda verificada em 2007 deve-se a dois fatores principais. A Lei de Diretrizes Orçamentárias determinou corte de 10% nos investimentos da administração direta. "Com isso, a verba que era de R$ 330 milhões caiu por volta de 12%, já que procuramos ficar um pouco acima do índice limite para não extrapolar o que a lei determina", ressalta Pereira.
Além disso, segundo ele, algumas estatais estão investindo menos neste ano, mais notadamente os Correios, que estão sem agência de publicidade desde dezembro de 2006, quando o TCU determinou a não-renovação dos contratos com Giovanni+DraftFCB e Link, iniciados em 2003. Como não conseguiu encerrar a licitação com a qual tenta escolher novas parceiras, e que atualmente está parada por determinação da justiça, a estatal, que tem verba anual de R$ 90 milhões, simplesmente ficou fora da mídia em 2007.
Os últimos dados oficiais disponíveis, a partir do processamento pelo IAP dos pedidos de inserção (PIs) enviados pelas agências aos veículos, foram atualizados no dia 6 de setembro. Até aquela data, o governo federal havia investido pouco mais de R$ 400 milhões, sendo 67% em televisão; 9,6% em jornal; 9% em revista; 6,6% em rádio; 1,6% em internet; 0,2% em outdoor; e 5,6% em outras alternativas. Como a previsão é a de atingir o dobro dessa cifra até o fim do ano, fica claro que está havendo uma concentração no último quadrimestre.
"Boa parte dos recursos foi destinada a veiculações na época dos Jogos Pan-americanos, realizados em julho. Portanto, é possível que muitos desses pedidos de inserção tenham sido processados em setembro. Além disso, para as estatais que concorrem no mercado, há uma natural maior presença na mídia no segundo semestre", frisa Pereira.
No caso específico da verba da Secom, dos R$ 98 milhões previstos para 2007, R$ 40 milhões estão sendo destinados para a atual campanha "Mais Brasil para mais brasileiros", iniciada em outubro e desenvolvida em conjunto pelas agências Lew'Lara e Matisse. A iniciativa privilegia investimentos em rádio e internet - o que deve mudar a divisão da verba entre as mídias até o fim do ano. Desde 16 de outubro a campanha veicula programetes diários de 90 segundos em 1,1 mil rádios brasileiras, projeto previsto para durar até o dia 31 de dezembro.
"Nossa perspectiva é a de que o governo continue atuando com uma comunicação mais sistematizada e menos fragmentada, não privilegiando ações pontuais, a não ser nos casos sazonais, como os de campanhas de vacinação do Ministério da Saúde, por exemplo. A comunicação governamental como um todo precisa ser tratada como um esforço integrado", aponta Pereira. Ele ressalta ainda que o governo está conseguindo atuar com um planejamento mais bem estruturado. "Temos trabalhado com mais prazos para a produção e feito reservas de mídia com mais de 20 dias de antecedência", exemplifica.
A administração direta prepara para dezembro o início de duas grandes licitações para escolha de agências de publicidade. No dia 17, a Secom recebe as propostas das interessadas em uma das três vagas disponíveis para o atendimento de sua conta, estimada em R$ 150 milhões. E no dia 18 será a vez do Ministério da Educação, atualmente atendido por Casablanca e Lew'Lara, iniciar a concorrência pela sua verba publicitária.
Pela primeira vez, desde o início do primeiro mandato do presidente Lula, o governo federal deve fechar o ano com um investimento em mídia menor que o do exercício anterior. Estimativa da Secretaria de Comunicação Social (Secom) prevê que a publicidade estatal irá contabilizar pouco mais de R$ 800 milhões em compra de espaços publicitários em 2007, o que representaria queda de 25% em relação ao efetivado em 2006. Esse total não inclui publicidade legal, verbas de produção e patrocínios - o que pode fazer com que o investimento total em comunicação ultrapasse a casa do R$ 1,6 bilhão.
No que diz respeito à compra de mídia, que permite um comparativo histórico a partir dos dados do Instituto para Acompanhamento da Publicidade (IAP), a última queda ocorreu justamente na comparação do primeiro ano de mandato de Lula com o último de Fernando Henrique Cardoso (queda de 12% dos R$ 761 milhões de 2002 para os R$ 668 milhões de 2003). Desde então, iniciou-se uma trajetória ascendente: R$ 956 milões, em 2004; R$ 966 milhões em 2005; culminando com o recorde do ano passado, quando o investimento em mídia do governo federal ultrapassou a barreira do R$ 1 bilhão.
Segundo o subsecretário de comunicação integrada da Secom, José Otaviano Pereira, a queda verificada em 2007 deve-se a dois fatores principais. A Lei de Diretrizes Orçamentárias determinou corte de 10% nos investimentos da administração direta. "Com isso, a verba que era de R$ 330 milhões caiu por volta de 12%, já que procuramos ficar um pouco acima do índice limite para não extrapolar o que a lei determina", ressalta Pereira.
Além disso, segundo ele, algumas estatais estão investindo menos neste ano, mais notadamente os Correios, que estão sem agência de publicidade desde dezembro de 2006, quando o TCU determinou a não-renovação dos contratos com Giovanni+DraftFCB e Link, iniciados em 2003. Como não conseguiu encerrar a licitação com a qual tenta escolher novas parceiras, e que atualmente está parada por determinação da justiça, a estatal, que tem verba anual de R$ 90 milhões, simplesmente ficou fora da mídia em 2007.
Os últimos dados oficiais disponíveis, a partir do processamento pelo IAP dos pedidos de inserção (PIs) enviados pelas agências aos veículos, foram atualizados no dia 6 de setembro. Até aquela data, o governo federal havia investido pouco mais de R$ 400 milhões, sendo 67% em televisão; 9,6% em jornal; 9% em revista; 6,6% em rádio; 1,6% em internet; 0,2% em outdoor; e 5,6% em outras alternativas. Como a previsão é a de atingir o dobro dessa cifra até o fim do ano, fica claro que está havendo uma concentração no último quadrimestre.
"Boa parte dos recursos foi destinada a veiculações na época dos Jogos Pan-americanos, realizados em julho. Portanto, é possível que muitos desses pedidos de inserção tenham sido processados em setembro. Além disso, para as estatais que concorrem no mercado, há uma natural maior presença na mídia no segundo semestre", frisa Pereira.
No caso específico da verba da Secom, dos R$ 98 milhões previstos para 2007, R$ 40 milhões estão sendo destinados para a atual campanha "Mais Brasil para mais brasileiros", iniciada em outubro e desenvolvida em conjunto pelas agências Lew'Lara e Matisse. A iniciativa privilegia investimentos em rádio e internet - o que deve mudar a divisão da verba entre as mídias até o fim do ano. Desde 16 de outubro a campanha veicula programetes diários de 90 segundos em 1,1 mil rádios brasileiras, projeto previsto para durar até o dia 31 de dezembro.
"Nossa perspectiva é a de que o governo continue atuando com uma comunicação mais sistematizada e menos fragmentada, não privilegiando ações pontuais, a não ser nos casos sazonais, como os de campanhas de vacinação do Ministério da Saúde, por exemplo. A comunicação governamental como um todo precisa ser tratada como um esforço integrado", aponta Pereira. Ele ressalta ainda que o governo está conseguindo atuar com um planejamento mais bem estruturado. "Temos trabalhado com mais prazos para a produção e feito reservas de mídia com mais de 20 dias de antecedência", exemplifica.
A administração direta prepara para dezembro o início de duas grandes licitações para escolha de agências de publicidade. No dia 17, a Secom recebe as propostas das interessadas em uma das três vagas disponíveis para o atendimento de sua conta, estimada em R$ 150 milhões. E no dia 18 será a vez do Ministério da Educação, atualmente atendido por Casablanca e Lew'Lara, iniciar a concorrência pela sua verba publicitária.
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