domingo, novembro 23, 2008

O que pensam os especialistas

- ''Uma propaganda apelativa pode ter efeitos desastrosos''
RUBENS JOSÉ GAGLIARDIPROF. DE NEUROLOGIA DA FAC. DE CIÊNCIAS MÉDICAS DA SANTA CASA

Quando se pensa em bebida alcoólica, não se pode esquecer que estamos nos referindo a uma substância tóxica. A propaganda desse tipo de produto é, em geral, muito bem feita, o que cria mais um atrativo para a ingestão do álcool.

Veicular anúncios de bebidas para aqueles que não são alcoólatras não é um problema. No entanto, quem apresenta um quadro de alcoolismo - o que é uma doença - pode não ter discernimento necessário para interpretar a mensagem da publicidade.

Nesse sentido, vetar tais propagandas seria um meio eficaz de inibir o consumo do álcool. Uma propaganda apelativa pode ter efeitos desastrosos. Com o fim da publicidade de uísque e vodca, cria-se uma tendência para a proibição da propaganda de cerveja - bebida popular entre os brasileiros.

Não devemos criar uma sociedade abstêmia, já que parâmetros excessivamente rígidos podem gerar complicações ainda mais graves. Mas conscientizar a população por meio do banimento de tais anúncios é uma alternativa decisiva para evitar que o álcool seja consumido em grande quantidade.

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A circulação da informação aumenta a qualidade de julgamento?
JOSMAR ANDRADEPROF. DO CURSO DE MARKETING DA EACH/USP

Repete-se a história: se as notícias não são boas, então mate-se o mensageiro. O que se discute é o cerceamento da liberdade de divulgação promocional de um setor plenamente legalizado, versus os possíveis malefícios que o produto anunciado pode trazer.

Pela teoria econômica, a livre circulação da informação aumenta o esclarecimento e a qualidade de julgamento do consumidor. Isso não significa desconsiderar os impactos da mensagem promocional em setores sensíveis, como a saúde e a segurança pública . É impossível deixar de condenar a glamourização do álcool, corpos seminus como apelo de venda, mensagens de bebidas no meio da programação da tarde.

No entanto, o banimento representaria precedente perigoso, aparentemente motivado a proporcionar falsa sensação de controle sobre o problema. Anúncios de bebidas em determinadas faixas horárias e publicações, dirigidas aos adultos, causam menos problema à sociedade do que a venda indiscriminada do produto, sem qualquer ação de autoridades para fiscalizar regras que já existem.

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