Por PCosta
Em tempos de constante intervenção judicial nas licitações de comunicação de orgãos públicos, a contratação de serviços de publicidade, por meio de Pregão Eletrônico, deveria ser reavaliada, uma vez que essa modalidade de concorrência não contribui com a profissionalização do mercado publicitário, com as agências que buscam resultados para o cliente, e principalmente com o próprio contratante, que muitas vezes não recebe o objeto licitado: uma ação de comunicação eficiente.
Contudo, reconheço que o Pregão Eletrônico é um excelente instrumento para a redução do preço unitário de produtos no varejo – remédio, peças de computador, maquinários, material de limpeza e por aí vai. Porém, para a contratação de serviços que envolvem mão-de-obra com qualificação profissional, bagagem teórica e experiência de mercado, fica claro que não é, nem de longe, a melhor solução .
Por isso, tornou-se terreno fértil para agências aventureiras e inexperientes, que na maioria das vezes apresentam preços incompatíveis com o mercado, só para conseguir o JOB. Sem a menor preocupação em gerar resultado para o cliente.
Dou um exemplo: No dia 15/02, foi realizado um Pregão Eletrônico, modalidade Presencial, para a contratação de empresa especializada em comunicação, que deveria criar identidade visual de campanha publicitária, composta por: folder instrutivo, folder institucional, capa para cartilha e diagramação, cartaz institucional, cartaz comemorativo, banner institucional e aprimoramento de site.
O edital estipulou que os valores das propostas de preço não podiam exceder R$ 35mil. Por ser Pregão Eletrônico Presencial, as 3 agências que apresentassem as propostas mais baixas, ainda iam passar por uma nova disputa, por meio de lances verbais.
Acreditem!!! No final do processo, uma das agências levou o JOB por R$9 mil.
Me contem. Como uma agência de médio porte, que paga impostos em dia, mensalidade do sindicato, encargos trabalhistas, luz, água, aluguel, equipamentos, material de escritório, telefone e profissionais qualificados conseguirá sobreviver no mercado, se de um lado as grandes agências ganham as maiores licitações, e do outro as pequenas agências fazem de tudo para pegar a sobra???
Quem arrumar uma explicação justa, comenta aí!!!!!!!!!
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Um comentário:
É só um brainstorm
(ou não concordo nem discordo, muito antes pelo contrário)
Concordo que o pregão eletrônico para a contratação de SERVIÇOS de publicidade não é a forma mais adequada, pelo menos no momento, de avaliação da QUALIDADE do fornecedor. Concordo também que as formas, digamos, tradicionais, via licitação, contêm um grande buraco na apreciação da qualidade. A proposta tal vale tantos pontos e o cara que vai avaliar é amigo do amigo, o edital é viciado, etc. Quase nunca, o melhor ganha. Muita gente do mercado tem uma reclamação desse tipo na carreira.
Discordo que as agências médias estão enfrentando dificuldades exatamente por causa disso. Acredito também que os bizarros resultados da licitação que você mencionou ainda não sejam tão freqüentes e, mais dia menos dia, os bons de qualidade vão chegar ao preço pra disputar. De certa forma, é um tipo de distribuição de renda para o mercado faminto. Dinheiro do Governo é um presente de Papai Noel.
No meu ver, a mudança tem que acontecer na lei das licitações, a 8.666, que deixa vazar boa parte da qualidade que o serviço público deve prestar e grande parte do dinheiro e da eficiência que os recursos poderiam atingir. TODOS os fornecedores contratados pelo governo podem fazer o que fazem, ou ainda melhor, pela metade do preço e todo mundo sabe disso. De asfalto a recursos humanos, tudo deixa um pedacinho de grana pra trás antes de chegar ao seu fim.
Voltando a publicidade, já temos idéias para duas campanhas. Uma pra valorizar o Programa que o Lula criou sem saber: “o Bolsa Família das grafiquetas e saletas carentes que estão no sertão do eixo Rio-SãoPaulo-BSB”. E outra pra protestar contra a lei mão-aberta: “866 Boca – a lei que deixa todo mundo dar uma mamadinha”.
Vai querer fazer qual?
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