segunda-feira, abril 30, 2007

Secretaria estuda critérios para distribuir publicidade entre veículos regionais e comunitários

Matéria de Aloisio Milani, publicada no site Agência Brasil - Radiobrás

A Secretaria de Comunicação Social da Presidência da República, que agora também comanda a distribuição da publicidade do governo federal, anunciou que abrirá um debate sobre como criar critérios objetivos para atingir veículos regionais, comunitários e educativos. Atualmente, os índices de audiência e circulação disponíveis excluem, por exemplo, emissoras de televisão regionais ou rádios comunitárias. O objetivo da secretaria é buscar formas de medir o retorno da publicidade para esse público como forma de concretizar uma política de democratização da comunicação.

Atualmente, a distribuição da publicidade é feita por meios de índices que medem audiência no rádio, na televisão e na internet, além da circulação de exemplares para mídia impressa (jornais e revistas). Em entrevista à Agência Brasil, o sub-chefe executivo da secretaria, Ottoni Fernandes Jr., explica que esses indicadores de alguma maneira excluem veículos menores.

“Um exemplo, se você usar o Ibope [instituto de pesquisa], você exclui TVs menores regionais, que podem ser comerciais. E o que Secom está procurando, em conjunto com as estatais e ministérios, é construir critérios novos. Como atender as demandas de TVs regionais? Elas têm uma audiência tão baixa que o Ibope não consegue captar. É uma coisa que estamos discutindo, mas tem que ser construído um critério”, diz.




Fernandes Jr. defende que o critério inclua preceitos básicos como verificação da audiência, medicação do retorno da publicidade e respeito à legislação tributária. “Isso pode estar na discussão da construção de um critério e passar a incentivar uma distribuição de uma parcela das verbas para esse tipo de mídia”, explica. “É uma discussão que vamos fazer com a sociedade, com as organizações que representa movimentos regionais, como as TVs comunitárias.”

O sub-chefe executivo ainda ressaltou que as novas regras precisam dar “segurança” para os gestores públicos para investir os recursos públicos. “Segurança de que estamos colocando dinheiro em uma mídia que tem o alcance desejado e está fortalecendo uma democratização dos meios de informação, que também deve ser o objetivo de uma política de governo. Porque quanto mais você puder ter canais de veículação, seja por televisão, rádio, internet, mídia impresa, que expressem a diversidade regional, social e política do Brasil é importante para o fortalecimento democrático”, diz.

Um balanço apresentado pela Secretaria de Comunicação Social mostra que, em 2006, o governo federal gastou R$ 1,015 bilhão em publicidade, um aumento de 5,48% na comparação com o ano anterior. Segundo Fernandes Jr., esse aumento se deve ao crescimento dos investimentos das estatais, que representa 76% do total.

Fim da propaganda de cigarros foi fundamental para queda do consumo entre jovens, avalia pesquisador



Matéria de José Carlos Mattedi, publicada na Agência Brasil - RadioBrás

Para um dos pesquisadores da Unifesp, Elisaldo Carlini, o bom resultado das pesquisas que indicam queda no consumo de cigarro entre jovens se deve, em grande parte, à proibição da propaganda de tabaco na mídia brasileira com a Lei nº 10.167, que completou seis anos no dia 27 de dezembro de 2006.

“Pode ter havido outras motivações que levaram a uma diminuição no consumo ou na sua estabilização. Mas não tenho dúvidas que a proibição da propaganda foi fundamental para os resultados”, enfatiza Carlini. Além dele, trabalharam nas pesquisas: José Carlos Galduroz, Arilton Martins Fonseca e Ana Regina Noto.

“A propaganda de cigarro era bastante insinuante, ligada ao sucesso pessoal e a fatores como status econômico. Isso influenciava, principalmente, a camada jovem”, ressalta Carlini.

“Já o primeiro estudo que fizemos em 1987, também com estudantes mas em 27 capitais, mostrava que 22,4% haviam experimentado tabaco, número esse que subiu para 32,7% dez anos depois, num aumento de 50%”, sublinha, sugerindo que caso a proibição não fosse aprovada, os dados atuais seriam acentuados. “O dado de 2005, de 21,7%, é menor do que o de quase 20 anos atrás”, pontua.

O número caiu tanto entre os meninos como entre as meninas. Nos primeiros, a queda foi de 36% (1997) para 21,9%. Na outra faixa, de 31,9% para 21,3%. Entre os pré-adolescentes (12 a 14 anos) também houve diminuição: de 13,8% para 8%.



A lei n.º 10.167/2000 restringe a publicidade de produtos derivados do tabaco à afixação de pôsteres, painéis e cartazes na parte interna dos locais de venda. Proíbe, conseqüentemente, em revistas, jornais, televisão, rádio e outdoors, inclusive internet. Também proíbe a propaganda indireta contratada, também denominada merchandising, e a propaganda em estádios, pistas, palcos ou locais similares, além de patrocínio de eventos esportivos nacionais e culturais.

Como o Brasil, outros países também proibiram ou fizeram sérias restrições à propaganda do cigarro, como Estados Unidos, Canadá, França, Itália, Austrália, Bélgica, Noruega e Suécia. Outros quatro países proibiram totalmente a propaganda do cigarro: Nova Zelândia, Noruega, Finlândia e França, e conseguiram reduzir o consumo do produto em 21%, 26%, 37% e 14%, respectivamente.

Não faremos mais contratos “guarda-chuva” de publicidade, anuncia Ottoni

Texto de Aloisio Milani, publicado no site da Agência Brasil - Radiobrás

O governo federal vai alterar uma forma de contratar trabalhos de publicidade após recomendação de acórdão do Tribunal de Contas da União (TCU). Durante o governo Lula, algumas agências de publicidade eram contratadas, por meio de edital público e concorrência, para executar serviços amplos de comunicação. E estas, por sua vez, sub-contratavam serviços como organizações de eventos, assessorias de imprensa, produção de peças publicitárias, pesquisas, entre outros.

O TCU questionou esse procedimento e a Secretaria de Comunicação Social da Presidência da República, que agora comanda a publicidade do governo, anunciou que vai mudar essa regra. “Acho que o TCU tem razão. O acórdão contesta diversos pontos da forma como o governo contratava serviços de publicidade. A Secom concorda com a maioria dos questionamentos e pede esclarecimentos de alguns pontos, que são meros detalhes”, diz o sub-chefe executivo da Secretaria de Comunicação Social da Presidência da República, Ottoni Fernandes Jr.

“Agora, o que a Secom já decidiu é que não mais fará nenhum contrato dito "guarda-chuva", isto é, não se contrata uma agência para se criar publicidade e fazer outros serviços", anuncia. "Só contrataremos as agências quando for o caso, e as estatais já estão fazendo isso, para criar publicidade e veicular.”

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sexta-feira, abril 27, 2007

Fragmentação versus convergência

Texto de Venício Lima, publicado ontem no site do Observatório da Imprensa.

Há algum tempo parece haver uma contradição entre a inevitável convergência tecnológica nas comunicações e a crescente fragmentação que tem ocorrido na pesquisa e na formação profissional do campo da Comunicação no Brasil.

É fato conhecido e estudado que a chamada revolução digital diluiu as fronteiras entre as telecomunicações, a comunicação de massa e a informática, provocando uma convergência tecnológica que está tendo repercussões importantes na economia política, na legislação e no amplo espaço de formação e exercício profissional do setor.

A própria definição conceitual do campo parece ser melhor expressa pelo plural comunicações que reuniria, numa única palavra, áreas hoje integradas que até há pouco tempo estavam diferenciadas pelas antigas tecnologias.

É no quadro de referência dessa convergência tecnológica que se postula a necessidade de um novo marco regulatório, de um novo modelo de negócios e, por conseqüência, de uma rediscussão das formas tradicionais de formação profissional – em boa parte ainda orientadas pela clivagem das antigas tecnologias.

Sentido oposto

Uma rápida panorâmica sobre o ensino e a pesquisa da Comunicação, no entanto, revela uma ausência de sintonia com o que está a ocorrer na economia política, na legislação e nas profissões do setor.

A principal entidade científica de Comunicação, a Intercom – Sociedade Brasileira de Estudos Interdisciplinares da Comunicação, inclui entre os objetos de seus núcleos de pesquisa conteúdos que vão desde a ficção seriada até o turismo e a hospitalidade.

Já a Compós – Associação dos Programas de Pós-Graduação em Comunicação, lista em seu sítio na internet cerca de duas dúzias de programas de pós-graduação surgidos no país da década de 1970 até hoje. Há informação de que, pelo menos, 25 desses programas estão em funcionamento. Talvez não seja exagero afirmar que a característica principal deles é a diversidade de seu conteúdo e de suas linhas de pesquisa, que vão da semiótica às tecnologias da informação.

Tanto os núcleos de pesquisa quanto os programas de pós-graduação em Comunicação padecem da ausência de uma "convergência" em torno de um objeto que os articule e os identifique como constituidores de um campo específico de estudo e pesquisa.

Os últimos anos assistiram também ao surgimento de diversas associações que reúnem pesquisadores em subáreas autodefinidoras de seus respectivos interesses e objetos de pesquisa: Sociedade Brasileira de Pesquisadores de Jornalismo (SBPJor); Fórum Nacional de Professores de Jornalismo; Associação Brasileira de Pesquisadores em Comunicação e Cibercultura; Associação Brasileira de Pesquisadores de Comunicação e Política; e a Unión Latina de Economía Política de la Información, la Comunicación y la Cultura, que embora não seja exclusivamente brasileira, reúne pesquisadores brasileiros identificados com esta área.

Numa importante instituição de ensino e pesquisa – a Universidade Federal da Bahia – houve até mesmo a separação formal entre os estudos da comunicação e da cultura com a criação do Programa Multidisciplinar de Pós-Graduação em Cultura e Sociedade. Esse foi um movimento, registre-se, em sentido oposto ao que deu origem ao importante Center for Contemporary Cultural Studies, na Inglaterra dos anos 1960, até hoje uma referência para os estudos do campo.

Políticas públicas

Claro que essa fragmentação revela o estado de efervescência do campo da Comunicação. Anualmente há um sem-número de congressos, encontros, seminários e, consequentemente, centenas de trabalhos e relatos de pesquisa podem ser apresentados e discutidos. Há novas publicações e novos sítios na internet dessas diferentes entidades e programas.

A primeira conseqüência desse quadro de fragmentação e ausência de identidade, todavia, aparece na qualidade da formação profissional que predomina na Comunicação. A revista Caros Amigos nº 121 traz longa matéria sobre o que pensam os estudantes brasileiros de jornalismo. A reportagem deveria servir de alerta não só para as muitas centenas de responsáveis pelos cursos de graduação em comunicação (jornalismo) – públicos e privados –, como para todos aqueles que se interessam pelo futuro do jornalismo no país.

Sem jornalistas com formação humanística sólida e consciência crítica, como avançar em questões – como, por exemplo, a credibilidade – com que se defronta o jornalismo brasileiro?

A segunda conseqüência, aliás já sentida faz tempo, é a impressionante ausência institucional dos programas e entidades de Comunicação do debate sobre as definições de políticas públicas por que passa o setor. Onde está a contribuição que anos e anos de estudo e pesquisa acumuladas têm a oferecer ao país?

Formação profissional e participação na formulação de políticas públicas são questões sabidamente complexas e polêmicas. Uma reflexão se impõe, sobretudo no momento em que se discute o futuro do setor e a sociedade brasileira precisa, por isso, da contribuição de todos para fazer avançar a democratização das comunicações.

É hora de cada um colocar na mesa o que tem e pode oferecer.

quinta-feira, abril 26, 2007

Nem uma única vez!!!!!!!!!

Em 1995, quando o filme Kids foi lançado nos cinemas norte-americanos, choveram críticas de professores, pedagogos, sociólogos e pais do mundo todo. Segundo os críticos de plantão, as cenas iriam despertar o interesse dos jovens pela vida desregrada, ao invés de alertá-los sobre danos causados pelo abuso do álcool, das drogas e pela prática do sexo precoce e sem proteção.




Como era de se esperar, os mais conversadores não apostaram que Kids podia alertar os jovens sobre as consequencias de viver a mil por hora. Muito menos admitiram que o filme antecipava uma tendência comportamental, um way of life que, infelizmente, serviu como referência para jovens de outros países e de novas gerações.

Ao que tudo indica, passaram 12 anos é o universo retratado em Kids está mais atual que nunca. Nesse período, a temática do filme saiu das telas e transformou-se em problema de saúde pública, gerando prejuízos econômico e sociais para qualquer país do mundo.

Leia o relato de uma menina de 15 anos, que começou usar drogas compostas por methafetamina com 11.
“Uma vez eu fiquei sentada na casa dos meus amigos fumado Crystal por aproximadamente quatro dias sem parar, e eu saí fora de ar. Meu melhor amigo verificou meu coração e entrou em pânico porque a situação o assustou muito. Ele achou que eu estava morrer porque meu coração parou duas vezes. E o pior foi que naquele dia eles não me levaram para o hospital.....“

Na tentativa de combater o agravamento do problema, a comunicação foi acionada. Cada vez mais, tanto governos quanto ONGs estão investindo em publicidade de utilidade pública focados no universo jovens, com linguagem e imagens que apontam, muito mais agressivamente que em KIDS, as consequências do abuso de álcool e de substâncias químicas.

Como referência, publico uma grande ação de comunicação, desenvolvida pelo Estado de Montana, nos Estados Unidos, que é composta por diversos comerciais de televisão, spots de rádio, cartazes e até um documentário, produzido pela HBO. Com o comando METH, NEM UMA ÚNICA VEZ, a campanha ataca o consumo da METHafetamina, substância encontrada legalmente em rémedios para depressão. E ilegalmente em drogas sintéticas, que causam excitação, euforia e perda do sono.

Veja a campanha!!!!


TEXTO: Meus amigos e eu dividimos tudo. Agora nós dividimos Hepatite e HIV - METH: NEM UMA ÚNICA VEZ.

TEXTO: Minha mãe sabia que nunca iria machucá-la. Até o dia que entrou no meu caminho - METH: NEM UMA ÚNICA VEZ.

TEXTO: Minha irmã sempre cuidou de mim. Mesmo depois de ter transformado-a numa viciada - METH: NEM UMA ÚNICA VEZ.

TEXTO: Na realidade, usando METH não será fácil azarar alguém - METH: NEM UMA ÚNICA VEZ.

TEXTO: Você não se preocupará com batom nos dentes novamente - METH: NEM UMA ÚNICA VEZ.


MÃE


AMIGOS


BANHEIRA


ENCONTRO NA LAVANDERIA


PULO

Comissão aprova substitutivo sobre licitação e contratos

A Comissão Especial de Licitação e Contratos da Câmara dos Deputados aprovou ontem, por unanimidade, o substitutivo ao Projeto de Lei 7709/07, que fixa novas regras para acelerar e otimizar as licitações públicas no âmbito federal, estadual e municipal. A proposta ainda precisa de ser votada pelo Plenário.

O ponto mais importante do substitutivo é o reajuste dos valores de referência para os três diferentes tipos de licitação: carta-convite, tomada de preços e concorrência. A carta-convite, procedimento mais simplificado, passa a ser válida para contratações de até R$ 180 mil (o valor em vigor é de até R$ 80 mil). A concorrência, modalidade mais complexa, hoje obrigatória para contratações superiores a R$ 650 mil, só será obrigatória para licitações acima de R$ 1,5 milhão. A tomada de preços poderá ser utilizada em qualquer caso, ressalvados aqueles sujeitos à concorrência.

Uso do pregão
Outro ponto importante é que o projeto proporciona mais clareza sobre a utilização de pregão para contratação de serviços de engenharia. Essa modalidade, nos termos do substitutivo, só não poderá ser utilizada para contratação de obras ou serviços de engenharia de maior complexidade. Serviços de manutenção de elevadores, reformas e obras que custem até R$ 340 mil poderão ser contratados pelo pregão.

Outro ponto em destaque no texto é a possibilidade de publicação de editais de licitação em sites oficiais dos órgãos públicos. O relator destacou em seu texto, porém, que a dispensa da publicação dos editais nos diários oficiais dependerá de decreto nesse sentido por parte dos poderes executivos da União, dos estados e dos municípios. Dessa forma, cada unidade da Federação poderá decidir se dispensará ou não a publicação em diários impressos.

quarta-feira, abril 25, 2007

¨Agência que faz campanha eleitoral pode sofrer quarentena¨, diz Ministro Franklin Martins

Ministro Franklin Martins, da Secom, propõe diferenciação clara entre o marketing político e a publicidade estatal

O ministro-chefe da Secretaria de Comunicação Social (Secom), Franklin Martins, foi o entrevistado do programa Roda Viva, da TV Cultura, na noite desta segunda-feira, dia 23. Na ocasião ele voltou a defender a idéia de que a agência responsável pela campanha eleitoral de candidato vitorioso não atenda contas de seu governo. “Esta é uma questão que exige mudança na lei de licitações. Não posso impedir que isso venha a acontecer, mas posso abrir esta discussão. Sabemos como é comum esta coincidência. E seria bom debater este assunto claramente. Na minha opinião, ajudaria o mercado se estabelecêssemos uma clara diferença entre o marketing político e a agência que está servindo ao governo. No mínimo, deveríamos ter uma quarentena de um ou dois anos”, propôs o ministro.

Sobre o conteúdo das mensagens publicitárias das estatais, Martins lembrou que elas têm objetivos mercadológicos. “A Secom não tem que ficar interferindo muito neste tipo de coisa. Já nas campanhas institucionais, a Secom deve ser ouvida e opinar tanto na questão da mídia como do conteúdo. A Secom deve cuidar mais da publicidade do governo, de ações de utilidade publica. E, ao mesmo tempo, fazer uma supervisão da comunicação das estatais”, definiu.

Um dos temas dominantes do programa foi a criação da rede pública de televisão, uma das principais incumbências determinadas à nova Secom pelo presidente Lula. Martins reiterou logo de início que a TV pública pretendida pelo governo federal “não será chapa branca”. Segundo o ministro, ela não irá se guiar pela lógica do mercado, onde a televisão está presa aos índices de audiência. “A TV comercial está condenada a se repetir. E arrisca pouco. Uma rede púbica vai fazer muito bem ao Brasil. Em outros países, as redes públicas ajudaram a TV comercial a ter melhor qualidade”, sustentou, garantindo ainda que a rede pública será aberta a produção independente e a regionalização da programação. “Teremos produção independente com fornecedores regulares que façam da TV pública um local de experimentação, com criatividade, inovação e estabeleçam novos padrões”, frisou.

Quando a TV digital for uma realidade também para a rede pública federal, ela irá dispor de quatro canais, teoricamente destinados a informações do Poder Executivo, educação, cultura e cidadania. Entretanto, Martins salienta que inicialmente, até para preparar a rede pública para a digitalização, haverá apenas um único canal, que será construído a partir de elementos já disponíveis, como a Radiobras, a TV Educativa do Rio de Janeiro e parcerias com TVs educativas de outros estados, canais universitárias e outras TVs como a Cultura de São Paulo ou a Rede Minas. “Não temos bala na agulha para quatro canais. No início teremos uma TV pública generalista”, explicou.

Segundo o ministro, os primeiros passos para a formação da rede pública serão as definições, nos próximos 20 dias, dos seus modelos de gestão e financiamento – entre os quais parece estar descartada a publicidade. Depois disso, estes modelos serão discutidos com a sociedade e o Congresso Nacional. “A TV pública precisa de modelos de gestão e financiamento que garantam sua independência. Vai haver dotações orçamentárias do governo federal e, eventualmente, de governos estaduais. Parte do financiamento virá da prestação de serviços, como, por exemplo, da produção de programas educativos para o Ministério da Educação. Outra parte poderá vir de patrocínios de grandes empresas, mas sou contra a veiculação de comerciais, inclusive de estatais. Sou a favor do patrocínio, não da publicidade.”

Questionado sobre o perigo de haver pressão política sobre a programação da TV pública, Martins não se esquivou: “A pressão política também é exercida sobre a TV comercial”.

terça-feira, abril 24, 2007

Governo alcança gastos de mais de R$ 1 bilhão em publicidade

Texto publicado hoje, no site Meio & Mensagem

O Governo Federal superou a marca de R$ 1 bilhão com gastos em publicidade. O valor, segundo o jornal Folha de S. Paulo, foi consumido pelos órgãos da administração direta e indireta em 2006.

Na reportagem, o ministro Franklin Martins (Secretaria de Comunicação Social), afirma que os números da publicidade "refletem uma presença forte das estatais, pois estão entre as maiores do Brasil e precisam competir no mercado". A Secom deve divulgar todos os dados referentes a 2006 nesta semana, em seu site na internet.

O valor total ainda é maior do que o divulgado. Isso porque não inclui os gastos em publicidade legal (editais e balanços), custos de produção dos comerciais (pagos à parte para as agências) e os patrocínios, destinados a equipes de esportes coletivos e eventos pequenos no interior do País.

domingo, abril 22, 2007

Na Radiola - Miles Davis - Nefertiti - 1967



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sexta-feira, abril 20, 2007

Lei que instituiu o Conselho de Comunicação Social



Conselho de Comunicação Social
Lei n.º 8.389, de 30/12/1991

Institui o Conselho de Comunicação Social, na forma do artigo 224 da Constituição Federal, e dá outras providências.

O PRESIDENTE DA REPÚBLICA

Faço saber que o Congresso Nacional decreta e eu sanciono a seguinte Lei:

Art. 1º - É instituído o Conselho de Comunicação Social, como órgão auxiliar do Congresso Nacional, na forma do artigo 224 da Constituição Federal.

Art. 2º - O Conselho de Comunicação Social terá como atribuição a realização de estudos, pareceres, recomendações e outras solicitações que lhe forem encaminhadas pelo Congresso Nacional a respeito do Título VIII, Capítulo V, da Constituição Federal, em especial sobre:
a) liberdade de manifestação do pensamento, da criação, da expressão e da informação;
b) propaganda comercial de tabaco, bebidas alcoólicas, agrotóxicos, medicamentos e terapias nos meios de comunicação social;
c) diversões e espetáculos públicos;
d) produção e programação das emissoras de rádio e televisão;
e) monopólio ou oligopólio dos meios de comunicação social;
f) finalidades educativas, artísticas, culturais e informativas da programação das emissoras de rádio e televisão;
g) promoção da cultura nacional e regional, e estímulo à produção independente e à regionalização da produção cultural, artística e jornalística;
h) complementaridade dos sistemas privado, público e estatal de radiodifusão;
i) defesa da pessoa e da família de programas ou programações de rádio e televisão que contrariem o disposto na Constituição Federal;
j) propriedade de empresa jornalística e de radiodifusão sonora e de sons e imagens;
l) outorga a renovação de concessão, permissão e autorização de serviços de radiodifusão sonora e de sons e imagens;
m) legislação complementar quanto aos dispositivos constitucionais que se referem à comunicação social.

Art. 3º Compete ao Conselho de Comunicação Social elaborar seu regimento interno que, para entrar em vigor, deverá ser aprovado pela Mesa do Senado Federal.

Art. 4º - O Conselho de Comunicação Social compõe-se de:
I - um representante das empresas de rádio;
II - um representante das empresas de televisão;
III - um representante de empresas da imprensa escrita;
IV - um engenheiro com notórios conhecimentos na área de comunicação social;
V - um representante da categoria profissional dos jornalistas;
VI - um representante da categoria profissional dos radialistas;
VII - um representante da categoria profissional dos artistas;
VIII - um representante das categorias profissionais de cinema e vídeo;
IX - cinco membros representantes da sociedade civil.
§ 1º - Cada membro do Conselho terá um suplente exclusivo.
§ 2º - Os membros do Conselho e seus respectivos suplentes serão eleitos em sessão conjunta do Congresso Nacional, podendo as entidades representativas dos setores mencionados nos incisos I a IX deste artigo sugerir nomes à Mesa do Congresso Nacional.
§ 3º - Os membros do Conselho deverão ser brasileiros, maiores de idade e de reputação ilibada.
§ 4º - A duração do mandato dos membros do Conselho será de dois anos, permitida uma recondução.
§ 5º - Os membros do Conselho terão estabilidade no emprego durante o período de seus mandatos.

Art. 5º - O Presidente e Vice-Presidente serão eleitos pelo Conselho dentre os cinco membros a que se refere o inciso IX do artigo anterior.
Parágrafo único - O Presidente será substituído, em seus impedimentos, pelo Vice-Presidente.

Art. 6º O Conselho, presente a maioria absoluta dos seus membros, reunir-se-á, ordinariamente, na periodicidade prevista em seu Regimento Interno, na sede do Congresso Nacional.
Parágrafo único - A convocação extraordinária do Conselho far-se-á:
I - pelo Presidente do Senado Federal; ou
II - pelo seu Presidente, ex-ofício, ou a requerimento de cinco de seus membros.

Art. 7º - As despesas com a instalação e funcionamento do Conselho de Comunicação Social ocorrerão à conta do Orçamento do Senado Federal.

Art. 8º - O Conselho de Comunicação Social será eleito em até sessenta dias após a publicação da presente Lei e instalado em até trinta dias após a sua eleição.

Art. 9º - Esta Lei entra em vigor na data de sua publicação.

Art. 10 - Revogam-se as disposições em contrário.

Brasília, 30 de dezembro de 1991.

quinta-feira, abril 19, 2007

Tarantino's Mind

Esse Curta é uma verdadeira viagem. Selton Mello e Seu Jorge estão brilhantes. O diálogo é uma chapação total.

Assistam!!!!!!!!!!!

quarta-feira, abril 18, 2007

Achar sangue não é tão fácil assim!!!

Campanha de incentivo a doação de sangue, criada pela agência Harrison Communications para o Instituto Nacional de Transplante, referência em transplantes do orgãos nas Filipinas.

Título: Achar sangue não é tão fácil assim!!!

As imagens das peças, que retratam o sangue como mercadoria, causam impacto, um certo desconforto, mas mesmo assim prendem a atenção e forçam uma reflexão sobre o problema. Logicamente, não acha-se sangue nas ruas. Se alguém precisar de sangue, não encontrará fácil assim. Então o cidadão deve fazer o que para ajudar?

No Brasil, ao contrário, as campanhas de doação de sangue são invariavelmente tradicionais, certinhas, não fogem do layout leve e do uso de texto sentimental, que apela pela vida. Ai perdem força, pois tornam-se comuns diante das dezenas de apelos que chegam até nós todo o dia: no sinal, no estacionamento, pela internet e até mesmo na matéria do Jornal Nacional.

Contudo, o diferencial da campanha filipina está na inicativa de um orgão governamental, nesse caso o INT, em abordar um problema de saúde pública com mais agressividade, fugindo da velha concepção que a mensagem para o "público" só pode agradar. Não pode causar constrangimento ou impacto, uma vez que o desgaste à imagem do governo será inevitável. Será???????????

Título: Achar sangue não é tão fácil assim!!!

Título: Achar sangue não é tão fácil assim!!!

Ministro da Saúde abre fogo contra a publicidade



Se depender do Ministro da Saúde, José Gomes Temporão, as campanhas publicitárias de bebidas alcoólicas e comidas industrializadas estão com os dias contados. Ou no mínimo, a linguagem das peças será imediatamente mudada.

No programa Roda Viva dessa semana, ao afirmar que "a estética dos comerciais só contribui para o aumento de doenças cardiovasculares", o ministro fez um ataque direto a publicidade. Segundo ele, as ações de comunicação de bebidas, fast-foods, comidas prontas e cigarro reduzem a qualidade de vida dos brasileiros, uma vez que estimulam o uso de bebidas alcoólicas e do tabaco, a má alimentação e o abandono de exercícios físicos. Ou seja, a publicidade contribui para a redução da prática de hábitos saudáveis, principalmente entre os jovens, fato que já gerou um grave problema de saúde pública no Brasil.

Para tentar reduzir os efeitos dessa publicidade nociva, Temporão afirmou que o Ministério da Saúde chamará a FENAPRO, o CONAR e os anunciantes para uma conversa.

Sem dúvida, a iniciativa é boa, mas faz-se necessário envolver a sociedade brasileira no debate, uma vez que não adianta eleger alguns produtos como inimigos número 1 da saúde e simplesmente proibir qualquer ação publicitária.

Em paises que reduziram a incidência de doenças cardivasculares, as experiência mostram que a troca de informações entre sociedade e governo foi fundamental para a melhoria da qualidade de vida da população. Ao que tudo indica, nada melhor que o investimento na boa e velha informação de utilidade pública, deixando para o cidadão decidir, conscientemente, qual produto deve consumir. Ou boicotar.

terça-feira, abril 17, 2007

Franklin Martins recruta novo comando da Secom

Texto publicado no site Meio&Mensagem

Ministro nomeia profissionais que cuidarão das áreas de publicidade e patrocínio no governo federal

Começou a ser oficializada, na semana passada, a nova equipe responsável pelas áreas de publicidade e patrocínios do governo federal. O ministro Franklin Martins nomeou o jornalista Ottoni Fernandes Jr. como subchefe executivo da Secretaria de Comunicação Social. Ottoni assume, ainda sob a sigla Secom, as atribuições do ex-subsecretário de comunicação institucional Luiz Tadeu Rigo, que deixa o governo.

Também já está definido que o secretário de comunicação integrada, diretamente responsável pela publicidade governamental, será José Otaviano Pereira, funcionário de carreira dos Correios, onde atua há 22 anos, tendo sido diretor comercial e assessor especial da presidência da estatal. Ele substitui Silvia Sardinha, que passa a ocupar uma diretoria da Secretaria de Comunicação Integrada, focando seu trabalho na área de internet.

À frente da Secretaria de Gestão, Controle e Normas, até o ano passado comandada por Jafete Abrahão, que deixou o governo, será efetivado José Vicentine, que já foi chefe de gabinete da Secom. Também será mantido o diretor de patrocínios, Roberto Gomes do Nascimento.

Entre as principais novidades da gestão de Ottoni Fernandes Jr. nesta área da Secretaria de Comunicação Social estará a adequação do governo federal e das estatais às recomendações do Tribunal de Contas da União (TCU) quanto às concorrências para escolha de agências. Uma das mudanças será a realização de licitações também para escolha de fornecedores, anteriormente sub-contratados via agências de publicidade.

Aprecie com moderação

Texto de Ruy Castro, publicado ontem na Folha de S.Paulo

Um dos motes mais instigantes da televisão pode cair nas próximas semanas, se a Anvisa (Agência Nacional de Vigilância Sanitária) conseguir aprovar um pacote de restrições à publicidade de cerveja.

Esse mote é a frase "Aprecie com moderação", enunciada ao fim de comerciais em que dezenas de jovens eufóricos são mostrados tomando cerveja -imoderadamente- como se ela fosse o elixir da felicidade, do sucesso com as mulheres ou da própria vida eterna.

O autor do mote, seja quem for, conseguiu resumir em três palavras mais idéias que se contradizem e se anulam do que qualquer tratado de lógica saberia explicar. "Aprecie com moderação", referindo-se ao ato de tomar cerveja, pressupõe que cabe a você racionalizar sobre a quantidade adequada à sua "apreciação" do produto e parar de beber antes de se embriagar.

É fascinante, considerando-se que uma das funções de qualquer bebida alcoólica é justamente comprometer ou abolir a capacidade de racionalizar. É o que faz com que, depois de alguns chopes e julgando-se perfeitamente sóbrio, você dê 200 por hora no seu carro e o enfie no poste.

A frase pressupõe também que os bebedores são capazes por igual de exercer essa "moderação". Ela não prevê a existência dos alcoólicos potenciais -os compulsivos em geral, inclusive na bebida, e aqueles cujo organismo demora mais a acusar o álcool e dos alcoólicos na ativa, já dependentes do produto. Se esses bebedores fossem capazes de estabelecer um nível racional de "moderação", a indústria de cerveja teria quebrado há muito tempo.

"Aprecie com moderação" é uma cínica contradição em termos, tão flagrante quanto seriam frases parecidas aplicadas a outras atividades. Tipo: "Fume sem tragar". Ou "Aspire sem cheirar". Ou "Ejacule sem gozar".

A Burocracia mata a natureza


Sensacional ação de comunicação desenvolvida pela F/NAZCA para a Fundação SOS Mata Atlântica - www.sosma.org.br




Com mensagens diretas e layout bem resolvido, essa campanha publicitária, composta por cartazes e filme, tem um diferencial: ao apontar a ineficiência dos orgãos públicos em fazer cumprir as leis que controlam a devastação das florestas brasileiras, reforça a necessidade da sociedade em fiscalizar as ações governamentais e exigir melhores resultados das políticas ambientais.

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Logo, ao afirmar que a Lei da Mata Atlântica foi aprovada, mas sair do papel é um longo caminho, a campanha cumpre um dos mais importante papéis da comunicação pública: coloca em pauta um problema e gera inquietação, questionamento e mobilização pública, que tendem a transformar-se em pressão do governo pela sociedade.


TEXTO: Na sentença de morte da natureza, a execução ocorrem enquanto espera-se a decisão - Burocracia mata a natureza: exija o cumprimento das leis.

segunda-feira, abril 16, 2007

Anatel suspende publicidade de pacotes de minutos

Texto publicado no site Meio&Mensagem.

A Agência Nacional de Telecomunicações despachou a favor da Fundação Procon de São Paulo, que solicitava a suspensão das campanhas das operadoras de telefonia sobre a cobrança de pacotes de minutos. Com isso, fica proibida a publicidade direta com seus assinantes para a venda de pacotes alternativos.

Confira, abaixo parte da nota divulgada pelo Procon.


"Anatel atende Procon-SP e suspende divulgação direta de planos comercias de cobrança por minuto até 31 de julho

A Agência Nacional de Telecomunicações (Anatel), atendendo a uma solicitação dos órgãos do Sistema Nacional de Defesa do Consumidor (SNDC), em especial da Fundação Procon-SP, determinou que concessionárias de telefonia de todo o país adaptem sua comunicação referente à divulgação das novas regras de conversão da cobrança de pulso para minuto.

O despacho determina que as empresas de telefonia se abstenham da utilização de canais de marketing direto e outros meios de abordagem pessoal individualizada para oferta e comercialização de planos alternativos ao segmento doméstico. Desta forma, até 31 de julho de 2007, as empresas devem manter, sem prejuízo das suas obrigações regulamentares, o atendimento de orientação dos dois planos obrigatórios (Plano Básico de Serviços e Plano Alternativo de Serviço de Oferta Obrigatória - Pasoo).

A decisão salienta ainda a necessidade de que a "publicidade relativa aos planos obrigatórios, estabelecida na regulamentação, seja feita de forma precisa, clara e separada de qualquer comunicação publicitária de outros planos comerciais". No entendimento da Fundação Procon-SP, a decisão é uma vitória para o consumidor, que terá a transparência necessária para optar consciente por um dos planos oferecidos na nova modalidade de cobrança.

O órgão orienta que o consumidor deve procurar conhecer seu perfil de consumo antes de tomar a decisão. Sem esse procedimento, cria-se a possibilidade de prejuízos ao consumidor, decorrentes da migração automática ao Plano Básico, se este não for adequado às suas demandas de utilização. Estudos do Procon-SP revelam que a melhor opção depende de como o consumidor usa a linha telefônica: tipo de ligações, tempo médio de cada ligação, se usa internet discada, entre outras características.

A migração já foi iniciada no Estado de São Paulo, a partir da região de São José do Rio Preto, e será gradual, encerrando-se em julho deste ano, conforme cronograma disponível para consulta no site das operadoras. Segundo projeções feitas pelo Procon-SP, para ligações inferiores a dois minutos e 30 segundos de duração, a tarifa do Plano Básico é mais vantajosa. A partir de dois minutos e 30 segundos de duração, a chamada tem valor inferior no Plano Alternativo (Pasoo)."

Câmara debaterá a propaganda de bebida alcoólica no Brasil

Aprovado debate sobre controle do consumo de bebida alcóolica

A Comissão de Seguridade Social e Família aprovou na semana passada proposta do deputado Henrique Fontana (PT-RS), para realização de audiência pública sobre o "Movimento Propaganda Sem Bebida", em defesa de uma política pública para controle do consumo do álcool no Brasil.

Para o debate, ainda sem data marcada, serão convidados o coordenador da Unidade de Álcool e Drogas da USP, Ronaldo Laranjeira, e o presidente do Conselho Regional de Medicina do Estado de São Paulo, Clóvis Francisco Constantino.

Esta semana o ministro da Saúde, José Gomes Temporão, disse em audiência pública na Câmara que o álcool é a principal droga que desafia a saúde pública no Brasil. "Fico muito incomodado com a maneira como a propaganda de bebidas alcoólicas é feita. Propaganda que é, inclusive, ofensiva às mulheres", disse o ministro.

O ministro avalia que há uma relação direta entre o aumento do consumo de álcool entre adolescentes de 10 a 14 anos e a publicidade do produto na TV. "Temos que enfrentar esse problema com coragem e lucidez", complementou.

quinta-feira, abril 12, 2007

Anvisa restringirá propaganda de cerveja

Texto de Marta Salomon, publicado hoje na Folha de S.Paulo

O bilionário mercado das cervejas está na mira das novas regras para a propaganda de bebidas alcoólicas que a Anvisa (Agência Nacional de Vigilância Sanitária) prepara para aprovar nas próximas semanas, um ano e cinco meses depois de a primeira proposta de restrições à publicidade ser lançada a consulta pública.

Além de sofrer limites nos horários de veiculação no rádio e TV -ficaria proibida entre 8h e 20h-, a propaganda de bebidas com mais de 0,5 grau de teor alcoólico nos meios de comunicação em geral (jornais, revista, internet) terá de ser acompanhada por alertas.Eles associam o consumo de álcool a acidentes de trânsito com vítimas, má-formação de bebês e até ao abuso sexual e episódios de violência, prevê a última versão do regulamento.

São 13 frases de advertência do Ministério da Saúde que deverão substituir o atual enunciado "Beba com moderação". A medida não afeta os rótulos. No caso da televisão, as advertências deverão ser veiculadas, por meio de texto e voz, imediatamente após a mensagem publicitária. As frases também deverão ser veiculadas nas propagandas na internet.
O tamanho das frases vai variar de acordo com a mídia. Em jornais, dependendo do tamanho do anúncio, a frase será grafada em corpo 7 a 12, sempre em letra de cor preta, maiúsculas, sobre fundo branco.

"Garanto que isso [a votação] ocorre nas próximas semanas", disse ontem Dirceu Raposo, presidente da Anvisa. A proposta será analisada pela diretoria da Anvisa, mas já há consenso. Há três diretores em exercício -outras duas vagas estão abertas.
Raposo adiantou que a disposição do governo é alcançar, no regulamento, bebidas de menor teor alcoólico, como cervejas e os coolers, consumidos pela população mais jovem.

Atualmente, a legislação que trata de restrições à propaganda não considera cerveja bebida alcoólica, mas apenas os produtos com teor superior a 13 graus, como uísque e cachaça. A lei vigora desde 96 e proibiu a propaganda de bebidas mais fortes entre as 6h e as 21h.

"O modo como se faz a propaganda é intolerável, a legislação é absolutamente leniente, protege a cerveja; a advertência sobre beber com moderação soa irrelevante", avalia Pedro Gabriel Godinho Delgado.
Coordenador de saúde mental do Ministério da Saúde, ele acompanha o debate no governo desde o grupo interministerial criado pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva em maio de 2003 e atualmente coordena o comitê interministerial da política de álcool.

Delgado sugere que o governo está afinado à preocupação manifestada pelo ministro José Gomes Temporão em entrevista à Folha, na segunda. Temporão defendeu mudanças nas regras e previu resistências.

Contestação
Já há sinais de que se travará uma batalha jurídica sobre o tema. Ontem, o Sindicato Nacional da Indústria de Cerveja disse que irá à Justiça caso a regulamentação seja aprovada. A entidade representa um mercado que faturou, em 2006, R$ 22 bilhões. Representantes das empresas de publicidade devem seguir o mesmo caminho.

Os gastos com publicidade são crescentes e põem o setor entre os que mais gastam com anúncios. Segundo informação do Ibope Monitor, em 2006 a categoria "cervejas" investiu R$ 704 milhões, mais do que a venda de automóveis ou de telefones celulares, por exemplo. No ano anterior, o Ibope registrou investimentos de R$ 496 milhões nesse segmento.

Com base em dados de aumento do consumo de bebida e da dependência ao álcool, o presidente da Anvisa insiste em que o regulamento não deve se limitar às bebidas de maior teor alcoólico, como prevê a atual legislação. "Temos de regulamentar para a sociedade, é uma questão de saúde pública", disse, ponderando sobre interesses contrariados do mercado.

Em defesa da regulamentação, Raposo apresenta dados da consulta pública lançada em novembro de 2005. Das 157 contribuições que a agência recebeu, 51 defenderam a proibição total da publicidade de bebidas alcóolicas e 58 apoiaram limites à propaganda.

As novas regras entram em vigor 180 dias depois da aprovação do regulamento pela diretoria da Anvisa - período que a indústria, as agências de publicidade e os meios de comunicação terão para se adaptar às novidades.

quarta-feira, abril 11, 2007

Prêmio Leão Verde

A agência nova/SB lançou o Prêmio Leão Verde, que premiará com uma viagem para o Festival de Cannes a dupla criativa que convencer, por meio de anúncio, o presidente Bush a assinar o Protocolo de Kyoto e liderar uma guerra mundial contra o aquecimento global. Maiores informações no site - www.leaoverde2007.com.br



Contudo, o avanço dessa iniciativa não está na criação de mais um prêmio de responsabilidade social que prestigia o mercado publicitário. Sem dúvida, chamar a atenção das agências de propaganda para o dever de desenvolverem ações que focam a inserção de temas na mídia, a fim de ampliar o debate entre sociedade, imprensa e Estado sobre pautas de interesse público é o verdadeiro gol de placa que o prêmio da nova/SB pode marcar.

segunda-feira, abril 09, 2007

Na Estante - A Estética da Multidão


O livro A estética da multidão de Barbara Szaniecki, recém publicado pela Editora Civilização Brasileira, usando o conceito de multidão de Antonio Negri e Michael Hardt, estuda a prática da produção de cartazes políticos.

"Como o poder se representa? Quais são as fórmulas que usa em sua representação? É possível distinguir elementos que se mantém constantes ao longo da história? E a resistência ao poder usa os mesmos códigos? Usa outros? Quais? Foram essas entre outras as questões que nortearam a minha pesquisa", afirma a pesquisadora. "O meu interesse era investigar o cartaz político contemporâneo, numa concepção ampla: cartazes tradicionais mas também cartazes de internet e, sobretudo, as imagens políticas que colorem as manifestações globais, como aquelas contra a guerra do Iraque".




Confira a entrevista concedida pela autora ao Instituto Humanitas Unisinos, publicada no www.unisinos.br

IHU On-Line - A arte normalmente é concebida por apenas um indivíduo. No entanto, você traz uma nova percepção: a arte a partir de uma multidão, seguindo as teses de Antonio Negri e Michael Hardt. Mesmo com essa nova percepção, é possível que cada arte seja vista e interpretada individualmente?

Barbara Szaniecki - Na realidade, para dizer que a Arte sempre foi concebida por apenas um indivíduo, temos que voltar um pouco atrás no tempo. Percebemos, então, que essa visão seja talvez equivocada. Na Idade Média, por exemplo, os artistas trabalhavam junto com os operários na construção da Catedral, onde se concentravam as obras de arte daqueles tempos. A distinção entre uns e outros era às vezes irrelevante. Na Renascença, também era muito tênue a diferença técnica entre o mestre e os seus discípulos. Muitas vezes, a única diferença residia na capacidade do mestre de arranjar contratos e não em alguma capacidade metafísica de produzir o Belo. De modo que essa concepção de que a Arte é concebida por um indivíduo isolado não é confirmada. A Arte, como todo saber humano, é produzido coletivamente. O que acontece é que, em determinado momento da história, passamos a produzir sob um sistema capitalista, e a esse interessa que a obra "pertença" a alguém porque isso pode, por exemplo, facilitar a sua própria comercialização. É mais fácil para o capital capturar o autor individualizado do que enfrentar uma autoria coletiva. Cria-se então a figura do autor, e nasce a obra como fruto de um trabalho individual. Mas é uma criação com forte conotação ideológica, proprietária. Hoje essa autoria individual é questionada pelos movimentos sociais, não apenas os artísticos. A questão da autoria, dos direitos autorais, é uma das questões mais importantes dos movimentos para a democratização dos saberes, verbais e visuais, pois, à medida que a autoria passa a ser vista como coletiva, os saberes passam a ser de todos e não propriedade de grandes empresas.

IHU On-Line - Como a arte, produzida pelas multidões, pode ser vista através de suas singularidades?

Barbara Szaniecki - Hardt e Negri têm o mérito de evidenciar esse caráter coletivo da produção dos saberes, entre as quais podemos situar a Arte, embora eles não se debruçassem sobre esse campo específico. Evidentemente, eles não são os únicos autores que se interessaram por essa questão da dimensão coletiva da produção humana em geral. Não devemos, contudo, pensar que, no coletivo, o singular desapareça, se dilua. Muito pelo contrário: é no coletivo, é no embate entre as diferenças que as singularidades vão se manifestar. Em muitas experiências históricas, dentro e fora do campo da Arte, o coletivo via como único modo de se consolidar o estabelecimento de projetos que servissem de modelo para cada comportamento individual. Esses projetos muitas vezes liquidavam as diferenças individuais, uniformizavam gostos, homogeneizavam saberes, ou seja, constituíam uma unidade, uma totalidade que abafava as diferenças. Esses projetos totalitários se beneficiaram dos modernos veículos de comunicação de massa.

Nos coletivos contemporâneos, sejam eles artísticos ou não, o que se procura é o comum. Ou seja, cada um traz seu ponto de vista, sua experiência, sua diferença, mas o coletivo se dá no encontro do comum entre as singularidades. O que procuro verificar no meu livro é se esse comum, essa cooperação social contemporânea, tem uma expressão estética particular. É uma tentativa bem arriscada. Procuro nas definições de Negri, no campo político e no campo social, algumas chaves para interpretar formas estéticas "comuns". Um exemplo que ajuda a "visualizar" o que eu estou dizendo é aquele da bandeira da multidão, muito visível nas manifestações contra a guerra do Iraque. Trata-se de um arco-íris que interpreto como uma forma que não é multinacional (ou seja, não é a bandeira de um conjunto de nações) mas como uma forma transnacional, ou seja de uma preocupação comum (a guerra) que atravessa as nações. Não se trata de uma soma, mas de um atravessamento. O repúdio à guerra do Iraque não soma as nações num projeto de totalização, mas atravessa essas nações num processo de constituição do comum. O comum que propõe Negri e Hardt vai além das representações nacionais. Esse comum é a um outro processo de globalização, uma globalização "por baixo", feita pelos movimentos. Processo de globalização democrático, multitudinário, do qual procurei apreender algumas expressões estéticas.

IHU On-Line - A arte ainda é classificada, como barroca, contemporânea etc. A partir do conceito de "estética da multidão" é possível, ainda, classificar a arte?

Barbara Szaniecki - É muito importante enfatizar que o livro A estética da multidão não é exatamente um livro sobre Arte. Analiso imagens políticas de feitio e suportes diferentes sem entrar no mérito se essas imagens são ou não são artísticas. Para ser direta, meu interesse não era de classificar essas imagens, mas de nelas verificar representações de poder e de resistência. Como o poder se representa? Quais são as fórmulas que usa em sua representação? É possível distinguir elementos que se mantém constantes ao longo da história? E a resistência ao poder usa os mesmos códigos? Usa outros? Quais? Foram essas entre outras as questões que nortearam a minha pesquisa. O meu interesse era investigar o cartaz político contemporâneo, numa concepção ampla: cartazes tradicionais mas também cartazes de internet e, sobretudo, as imagens políticas que colorem as manifestações globais, como aquelas contra a guerra do Iraque. Mas, para responder a essas perguntas, tive que recuar no tempo. Uma passagem obrigatória era maio de 68.

Na França aconteceu uma produção interessantíssima de cartazes políticos. Para apreender as representações do poder, tive de ir ainda mais longe: ao retrato de Luis XIV, que serviu de modelo de retrato político por séculos e ao maravilhoso “Las Meninas”, de Velásquez, no século XVII. Mas em nenhum momento tive a intenção de classificar essas formas dentro das categorias da História da Arte. Simplesmente não era essa a intenção. Apenas apontei alguns elementos que permanecem e alguns que se transformam ao longo da história. Em determinado momento, para facilitar o leitor, fiz, por exemplo, uma distinção entre "representações de poder" e "expressões de potência". Mas de modo geral, desconfio das classificações: elas podem nos ajudar em determinado momento, mas tendem a se esgotar no tempo e erradicar outras produções de sentido. É muito importante não colocar "estética da multidão" como uma nova categoria da História da Arte. Seria um contra-senso. Essa estética não se encaixa em uma categoria: não é um estilo, mas sim processos em contínua transformação, quase que táticas de enfrentamento com forte expressão estética.

IHU On-Line - A multidão também tem como característica o enfrentamento do sistema vigente. Na arte, a multidão cria conflitos como este? Quais são estes conflitos?

Barbara Szaniecki - Sim, você tem toda razão de afirmar que a multidão tem como característica o enfrentamento do sistema vigente. A própria constituição da multidão se dá em suas lutas contra esse sistema. Ou seja, não existe uma multidão a priori, uma multidão dada, uma multidão predefinida. A sua definição se dá nas lutas contra toda forma de poder constituído. Aqui também reside uma particularidade: o poder constituído pode ser não apenas uma instituição "física” (um espaço determinado e os atores que dele fazem parte), mas todos os saberes, todos os discursos que nela e através dela circulam. No campo das Artes, destacaria como espaços os museus, as feiras e bienais, e destacaria como atores os artistas legitimados, os marchands e compradores. Por último, destacaria os críticos e curadores de Arte. Esses últimos são responsáveis pelos discursos que legitimam todo o resto. Coletivos podem travar conflitos com essas institucionalidade.

Não apenas no campo específico da Arte, mas também do Design, da Arquitetura etc., enfim, os movimentos sociais questionam os poderes constituídos, institucionalizados, que visam a preservar, a conservar a instituição na sua inércia. Negri denomina a potência desses movimentos de Poder constituinte, que é uma potência sempre em movimento, em transformação, em procura de novas respostas a seus problemas. As questões são tão variadas e numerosas quanto seus militantes. É importante frisar também que não há aqui nenhum juízo de valor: instituições não são necessariamente más, e movimentos não são necessariamente bonzinhos. Nenhum dos campos detém "a" verdade, a razão. Se há alguma razão, alguma verdade histórica, ela emerge do embate entre poderes constituídos e poderes constituintes daquele momento.

IHU On-Line - As particularidades permitem a criação de uma obra com as contribuições de cada um?

Barbara Szaniecki - Acredito que sim. Tenho observado isso nos casos que analisei mas, mais uma vez, é sempre importante ser prudente nas generalizações. Citei a construção das catedrais na Idade Média e as obras de Arte da Renascença. Em ambos os casos, cada um trazia o seu aporte. Recentemente, vi uma exposição maravilhosa de pinturas da Escola de Cusco, no Peru. Essas pinturas tinham como modelos as imagens religiosas que vinham da Espanha colonizadora. Mas lá no Peru eram índios e mestiços que realizavam esse ofício de pintor. Os modelos espanhóis eram "adaptados", digamos assim, à cultura cusquenha, muitas vezes à revelia do mecenas. Os pintores introduziam nessas pinturas elementos de sua cultura.

Lembro-me de uma pintura na qual, além de um convencional São José marceneiro, a Virgem Maria preparava a lã exatamente como as índias locais, enquanto o menino Jesus brincava com aves típicas. Em outras pinturas, a apropriação dos códigos europeus era ainda mais radical: para se distinguir das comunidades indígenas subalternas, a elite inca de Cusco se fazia retratar usando exatamente os mesmos códigos que a realeza européia. Enfim, há na própria imagem, e no uso que se faz dela, todo um jogo político interessantíssimo. Poder e resistência ao poder se confrontam continuamente no interior dessas imagens e através dessas imagens no campo social. Enfim, o que eu queria dizer, para responder à pergunta, é que, mesmo nas situações mais extremas de exploração (aquela da colonização, por exemplo), a resistência, as singularidades culturais e individuais se manifestam. A Escola de Cusco é um exemplo de resistência do passado, em um suporte – a pintura – tido hoje como convencional, ou seja, adequado à tradição e não à experimentação. O exemplo acima mostra que isso não é verdade. Mesmo um suporte visto como convencional pode "suportar" as contribuições de cada um, nesse caso aquelas da cultura indígena e da cultura européia. Mesmo na pintura há um campo aberto à experimentação, ao confronto com o poder (nesse caso, com a imposição da cultura européia aos indígenas). Mesmo na pintura, a particularidade do pintor vai dialogar com as particularidades de sua cultura e de outras culturas. Todo "autor" dialoga com outros autores, e toda obra dialoga com outras obras. As particularidades se manifestam na relação com as alteridades. A criação supõe esse diálogo, mesmo que em conflito.

IHU On-Line - A imagem, agora, pode ser criada a partir de "vários conhecimentos comuns"?

Barbara Szaniecki - Parece-me que sempre foi assim, ou seja, sempre as imagens se constituíram através de "vários conhecimentos comuns". Não sei se hoje, mais do que ontem, o terreno está mais propício. De certo modo, parece que sim, pelo menos nas democracias ocidentais. Mas essa abertura democratizante não é dada; ela deve ser conquistada a cada dia. Por exemplo, o meu campo de interesse não se limita ao campo da Arte, à medida que eu faço algo como um "cruzamento de campos": design e comunicação em geral me interessam. Hoje no Brasil, temos uma televisão que produz imagens a rodo. Contudo, temos um cinema que continuamente cria novas possibilidades, lutando para que o modelo de imagem produzido pela telinha não seja hegemônico. Ou melhor, luta para que não haja modelo algum e para que a imagem seja terreno de contínua experimentação estética. Isso está em jogo hoje, aqui no Brasil, nesse discurso de uma televisão pública. A televisão pública não deve ser pensada como uma televisão estatal, do Estado, mas como uma televisão comum a todos. Haveria então um terreno para experimentação desses "vários conhecimentos comuns". Deveríamos também pensar em museus comuns, abertos para essas imagens.

IHU On-Line - Negri e Hardt afirmam que a multidão trabalha em rede, coopera e debate em rede. A Arte também pode ser feita em rede? Se produzida desta maneira, quem é o proprietário desta arte?

Barbara Szaniecki - Como disse anteriormente, acredito que sempre se trabalhou em rede, coletivamente, ou seja, o trabalho sempre dependeu das redes sociais. O que aconteceu é que, por um lado, essas redes foram aos poucos se ampliando: antigamente, por exemplo, eram restritas à família. Muitos trabalhos eram realizados em ambiente familiar (ainda hoje, isso acontece). Aos poucos, a cooperação abriu-se para o círculo da vizinhança, para as parcerias no meio urbano. Hoje essas redes sociais são potencializadas por um instrumento fabuloso que é a internet, por isso é tão importante que ela se mantenha sem dono algum, livre. Afinal, podemos, por meio dela, realizar projetos comuns com pessoas do outro lado do mundo. Isso é válido para qualquer produção, artística ou não. Li, recentemente, um autor chamado Reinaldo Laddaga, que despertou questões muito interessantes, ao examinar projetos como o Vênus, Park Fiction e Vyborg. Projetos como esse têm forte expressão artística. Acredito, no entanto, que as intenções de seus atores, que são mais atores que autores, não se encaixam necessariamente nesse campo, "Arte". Elas extrapolam todo e qualquer campo delimitado. Acredito que um caminho para se abordar essas experiências sociais é aquele de misturar sistematicamente referências dentro e fora do campo da Arte. Uma mistura teórica em consonância com o hibridismo dessas experimentações. No meu caso, trouxe para o campo estético as teorias de Foucault e de Negri para enriquecer a apreensão dessas cooperações estéticas. Entendo então que essas estéticas, ainda em processo, sem forma predefinida, não têm proprietário, muito pelo contrário: resistem a toda forma de captura, de "apropriação". O que para mim não é um problema, mas sim um caminho para resistirmos à "apropriação" total que faz o capitalismo de nossas vidas hoje.

IHU On-Line - A arte sempre pareceu trazer algo de transcendente. Negri afirma que a transcendência não existe mais. A partir de eventos como a Bienal de Veneza, no qual se discute arte, é possível afirmar que a arte produzida pela multidão é uma forma imamente?

Barbara Szaniecki - Essa questão do conflito entre transcendência e imanência atravessa A estética da multidão. Usei a teoria de Hardt e Negri em Império para apreender alguns conflitos no campo estético. Digo estético por que não apenas extrapolo o campo da Arte, me interessando por imagens de todo tipo (não necessariamente artísticas), mas também pesquiso além do campo iconográfico, muita vezes enclausurado pelos poderes constituídos. Interessam-me as estéticas da pólis real e virtual: as ruas das cidades e a internet. A percepção que tenho é que manifestamos estéticamente os conflitos que atravessam o campo social, sendo o da transcendência x imanência o maior deles. Pois essas diferentes visões de mundo produzem e são produzidos por diferentes formas de organização social. Diferentes formas de organização produzem e são produzidas, por sua vez, por diferentes formas de imagens e estéticas. A transcendência da qual falam Negri e Hardt em Império é aquela das monarquias absolutistas européias. Esse modelo de governo aparentemente desapareceu, mas sobrevivem resquícios na sociedade e, evidentemente, na produção estética. O que não é de todo negativo não quer emitir um juízo de valor.

Negri e Hardt inovam trazendo esse conceito de Império, que se contrapõe ao imperialismo característico da modernidade européia. Imperialismo que causou enormes tragédias para a humanidade. A colonização é um exemplo. O que eles apontam são as possibilidades que esse Império traz. No Império, a multidão luta. Pois, mais uma vez, nada é dado, precisamos lutar pela democracia. No campo estético, o conflito também está em aberto: é necessário lutar pela pluralidade de imagens nas academias, nos museus, nos cinemas, na televisão etc. Lutar pela democratização dos discursos visuais e verbais e lutar pela abertura à multidão dos dispositivos tecnológicos que hoje existem. Essa é a imanência. No final do meu livro pergunto (e deixo em aberto) se o evento é a forma da imanência. Foi um modo que encontrei de formular a minha inquietação naquele momento. Mas a própria formulação é problemática, pois o evento não tem forma, a imanência não tem forma predefinida. De modo que precisamos encontrar não apenas os problemas, mas o próprio léxico para abordar a contemporaneidade, isto é, as palavras adequadas para entender o que de novo hoje está acontecendo. É isso que estou procurando...

Marcos Coimbra cai de pau nessa historia de marqueteiros mandarem em politica!!

Democratas (!?!)
Texto do sociólogo e presidente do Instituto Vox Populi, Marcos Coimbra, publicado no Correio Brasiliense em 08/04.

Tem coisas na vida e na política das quais sinceramente, deveriamos todos ser poupados. Não são, sempre, importantes, mas nem por isso deixam de ser aborrecidas. Às vezes, até irritantes. A mudança de nome do PFL para “Democratas” é uma dessas coisas. O que se pode dizer sobre algo tão estranho?

Fomos informados pela imprensa que a idéia nasceu de uma pesquisa de opinião pública sobre a imagem do partido, que concluiu que ela estava “desgastada”, com “problemas”. Daí a proposta de mudança de nome. Simples, como se estivessem reunidos os executivos de uma empresa, que, quando ficam sabendo que as vendas andam baixas, aceitam a sugestão do gerente de comunicação e mudam o nome do produto.

Em minha profissão, ouvi muito (é verdade que menos de uns anos para cá) o protesto de políticos quando alguém (marqueteiro, assessor etc.) queria tratá-los assim, como “produto”. Com razão, insistiam no argumento que política é “outra coisa”, pois diz diretamente respeito à vida das pessoas e à sua identidade de cidadãos. “Coisificar” candidatos, governantes, parlamentares, idéias, era visto como fuga ao debate e ao enfrentamento, deixando-os no mesmo lugar das margarinas e das sandálias de dedo.
Os tempos passaram e os políticos foram ficando mais dóceis perante os ditames da sociedade de consumo. Mas nunca tinha visto algo como o nascimento do “Democratas”.

Usando imagem freqüentemente invocada nas discussões sobre os partidos, quando falamos que políticos costumam trocar de partido “como quem troca de camisa”, temos agora o caso de um partido que troca de nome com o mesmo espírito leve. Na mudança, muitas coisas vão pelo ralo: se a palavra “liberal” era tão importante quanto ouvimos dizer, para onde foi?

Depois de mais de 20 anos procurando divulgar propostas, argumentos e experiências de liberalismo, de dentro e fora do Brasil, assumindo com clareza que era esse o lugar que pretendiam ocupar no espectro partidário, por que suas lideranças escolhem a diluição de um nome que não quer dizer nada, porque quer dizer tudo? E quem acreditava nisso, como fica? Afinal, em pesquisas de opinião feitas durante o ano passado, o PFL sempre teve entre 2 e 3% de preferências, o que pode não ser muito, mas sugere que algo em torno de 3 milhões de eleitores terão que se identificar com o “Democratas” ou, então, procurar outro rumo.

É claro que já tivemos, em nossa história de proliferação partidária, muitas mudanças de nome. Às vezes por imposição, como no ciclo militar, às vezes para designar algo que surge de outros, por fusão, incorporação, divisão. Sempre para dar um nome novo a uma coisa nova. Mudar de nome, sem mudar nada, é a primeira vez.
Não me ocorre um só caso, em nossa evolução política, de partido designado por uma palavra comum. Todos se dizem “partidos”, no nome e na sigla, exatamente para mostrar o que são, ostentando o P maiúsculo, de maneira a que ninguém se confunda. Mais grave, nenhum havia procurado se apropriar de uma palavra que pertence a todo mundo. Democratas somos todos e não apenas os filiados da antiga Frente Liberal.

Será que alguém teve a brilhante sacada de que, com o nome novo, quando o repórter, o analista, tivesse que falar a respeito de um de seus integrantes seria obrigado a dizer “o democrata Fulano de Tal pensa, propõe....”? Depois de anos de críticas, muita gente passaria a ser, por um passe de mágica, “o democrata Sicrano”.
Como é pouco provável que qualquer outro partido tenha tanta criatividade, estamos poupados de lidar com o “honestos”, o “competentes”, o “sérios” e coisas do gênero. Já pensou o ridículo que seria o noticiário político?

Francamente.

domingo, abril 08, 2007

Governo faz campanha para Cristo Redentor ser uma das maravilhas do mundo

Da Agência Brasil

O Ministério do Turismo lança, na próxima quinta-feira (12), uma campanha em prol da eleição do Cristo Redentor como uma das sete novas maravilhas do mundo.

O anúncio foi feito no final de semana pela ministra do Turismo, Marta Suplicy. “Se a gente fizer uma campanha forte, para o turismo brasileiro será uma maravilha. Para o Rio de Janeiro, a gente entra bonito na mídia”, disse, acrescentando que foram desenvolvidos quatro filmes, especialmente para a campanha.

A votação é feita pela internet, no site: www.new7wonders.com. O Cristo Redentor, um dos cartões-postais do Rio de Janeiro, está situado no Morro do Corcovado. O monumento concorre com outras 21 obras de diversos países.



“Se você ainda não votou no nosso Cristo Redentor como a sétima maravilha do mundo, vote, porque tem que ser nosso”, disse a ministra.

Com cerca de 38 metros de altura, o Cristo Redentor foi projetado pelo brasileiro Heitor da Silva Costa. A estátua foi concebida pelo escultor francês Paul Landowski. A obra levou cinco anos para ser construída e foi inaugurada no dia 12 de outubro de 1931.

O prazo de votação termina no dia 7 de julho. A declaração das sete novas maravilhas do mundo ocorre no Estádio do Sport Lisboa Benfica, em Portugal, durante solenidade a ser transmitida para cerca de 160 canais de televisão de todo o mundo.

sábado, abril 07, 2007

Parceria Divino-Privada

Igreja faz campanha de cartão de crédito católico

Texto de Lea Agostinho, publicado na Folha de S.Paulo, dia 06/04

Às vésperas da visita do papa Bento 16 ao Brasil, a Arquidiocese do Rio de Janeiro lança nos próximos dias uma campanha publicitária, feita pela agência DPZ, para divulgar o cartão de crédito Solidariedade Católica, projeto lançado durante a Feira da Providência, em dezembro, no Rio.

São duas as modalidades do cartão católico, de bandeira Visa, lançado em parceria com o Bradesco. A nacional, cuja renda mínima é de R$ 400, e o cartão "Gold", que é internacional e exige renda acima de R$ 2 mil. A anuidade do primeiro custa R$ 60. O Gold custa R$ 160 por ano. Do total desses valores, 30% serão destinados a entidades carentes indicadas pela Arquidiocese.

O cardeal-arcebispo do Rio, dom Eusébio Scheid, acredita que haverá uma boa adesão."Qualquer um que pense um pouco nos outros vai aderir, e não apenas os católicos", afirmou. Para o cardeal, o cartão de crédito tem sido cada vez mais utilizado por conta da praticidade e da violência urbana.

"Os cartões estão em voga. Então, em vez do dinheiro fluir para outras coisas, por que não ajudar as obras solidárias? Podemos usar o capitalismo como forma de canalizar recursos para os pobres. Todos os que querem ajudar que usem o nosso cartão", diz.

O arcebispo faz questão de ressaltar que a Arquidiocese do Rio não está querendo ganhar dinheiro, mas apenas ajudar os menos favorecidos.

Segundo Ronaldo Rangel, diretor geral da DPZ-Rio, a campanha será divulgada na televisão e nos cinemas. "A DPZ está participando desse projeto porque acreditamos que ações solidárias como essa são muito bem vindas", afirmou, acrescentando que a agência fará a campanha gratuitamente.

Para que o cartão fosse implantado, a Arquidiocese do Rio encomendou uma pesquisa cujo objetivo era saber como os católicos reagiriam à idéia.O resultado está publicado no site da entidade (www.arquidiocese.org.br) e mostra que 84% aprovaram a idéia, sendo que o índice de aprovação varia de 90% entre os praticantes a 79% entre os não praticantes.

A idéia de usar meio de pagamentos eletrônicos para angariar contribuições de fiéis é aplicada também na evangélica Igreja Renascer em Cristo. Na sede da Renascer em São Paulo, os fiéis podem fazer suas contribuições no culto por meio de um cartão de débito.

quinta-feira, abril 05, 2007

Tire do armário!!!

Causa impacto e surpresa a campanha de publicidade veiculada pela unidade do APAE de Batatais, uma vez que a ação é inovadora para os padrões de comunicação das instituições prestadores de serviços sociais.

Com mensagem que foge do sentimentalismo para falar de doação, a campanha é um avanço na comunicação dessas instituições. Em um país que existe disputa pelo direito de explorar a caridade alheia em sinais e estacionamentos, ninguém suporta mais o velho formato do ¨pelo amor de Deus, me dá uma esmolinha aí¨.

O Poder das Estrelas

Click nas fotos para ampliá-las e assim, ler os gráficos.

ANGOLA

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UNIÃO EUROPÉIA

quarta-feira, abril 04, 2007

A Marinha do Brasil e a Amazônia Azul

Depois de 4 anos da propaganda publicitária (não está errado, é confuso, mesmo) que seguia a cartilha do Dudaísmo (filosofia criativa que contempla o politicamente correto e abusa dos jingles-clipes), a boa e velha linguagem Chapa Branca está de volta.

A Marinha lançou uma campanha comparando a costa brasileira à floresta amazônica. Ainda não deu pra definir se o filme pretende incentivar a preservação da nossa riqueza marítima, se quer divulgar a importância do transporte naval para a balança comercial do país ou se deseja provar que nossa esquadra ainda bóia. Com exceção das campanhas de alistamento (com o inesquecível slogan: “jovem, aliste-se”) não me lembro da última campanha da instituição.

Acho o conceito legal, porque é absolutamente digerível por qualquer expectador. Apesar disso, a confusão de intenções sugere que um brainstorm de almirantes aconteceu na reunião entre o cliente e a agência. Destaque para o áudio. A trilha é nova, mas o locutor é o de sempre, o mesmo que anunciou a chegada das caravelas.

O que é isso Rede ¨Grobo¨???

No Jornal Nacional, frequentemente assistimos matérias denuncistas sobre a devastação ambiental no Brasil.

Aí vem a Globo é cria um anúncio de péssimo gosto para aumentar a audiência dos capítulos finais da minissérie Amazônia.

Tudo em nome da audiência. Esse anúncio não merece comentário!!!!!!!!!!!



TEXTO - Amazônia: assista antes que acabe. / Não perca os capítulos finais da saga de Amazônia.

terça-feira, abril 03, 2007

Seja bem-vindo a uma nova Curitiba!!!


Por PCosta

A Prefeitura de Curitiba acaba de lançar uma campanha institucional, que apresenta à população as obras entregues, em andamento e as previstas para término da execução até o final do mandato do prefeito Beto Richa, em 2008.

Para tanto, a nova campanha tem anúncios, mobiliário urbano, outdoor, busdoor e filme para divulgar as principais obras da prefeitura, por meio do olhar dos curitibanos, que foram utilizados como personagens, no lugar dos tradicionais modelos. Boa sacada de comunicação, uma vez que envolve o cidadão na temática da campanha e assim, aumenta a identificação do público com as ações da prefeitura.

Dentro da estratégia de comunicação, o filme é a peça que amarra o conceito “Juntos construímos uma cidade melhor pra você”. Para tanto, as cenas mostram operários tirando o capacete nos canteiros de obra, simbolizando um cumprimento gentil aos cidadãos que passam nas ruas. No final, a imagem da cidade aparece ao fundo, enquanto um funcionário da prefeitura gesticula com o capacete para a câmera e a locução entra: "Seja bem-vindo a uma nova Curitiba, onde o trabalho não pára. Juntos construímos uma cidade melhor pra você".

Para não fugir à regra, a campanha seguiu os moldes tradicionais de toda ação que pretende divulgar obras públicas. Foram utilizadas imagens das obras, de trabalhadores com a mão na massa e de pessoas sorrindo, todas lapidadas por um texto simpático e bom trabalho de direção de cena, elementos estéticos predominantes nas campanhas de produto e varejo.

Ao que tudo indica, as campanhas governamentais estão adotando essa fórmula vendedora para reduzir o risco da ação de comunicação de governo passar despercebida no turbulhão de mensagens que recebemos diarimente. Mas será que a saída para aumentar a visibildiade das campanhas de governo não é o justamente o contrário: adotar estética própria, ter¨cara de governo¨ para que o cidadão possa diferenciar as mensagens do gestor público e criar intimidade com os símbolos que traduzem as políticas pública de cada governo???

Fica a pergunta para debatermos!!!!!!!

segunda-feira, abril 02, 2007

Feijoada Completa agora com caipirinha

O Feijoada Completa tem, felizmente, ampliado sua abrangência. Pela falta de espaço para o debate ou pela relevância do tema, esse forum de discussão sobre a comunicação pública tem recebido contribuições de todos os tipos. Dos comentários postados às sugestões de pauta, da rede de informação ao bate-papo com amigos, tudo tem melhorado o conteúdo apresentado aqui.

A partir de hoje, o Feijoada Completa tem um colaborador oficial. Seu nome é Anderson Zanin, publicitário, redator e roteirista, com alguns anos de experiência em comunicação governamental. Atualmente, trabalha na Câmara dos Deputados, como assessor de imprensa.